Título: Servidores de Alagoas mantêm gereve
Autor: Ferreira, Arnaldo
Fonte: O Globo, 23/01/2007, O País, p. 4

Manifestantes recusam proposta do governador para salários e ampliam exigências

MACEIÓ. Os servidores de Alagoas não aceitaram a promessa do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL) de recompor os salários reduzidos em dezembro e mantiveram a greve geral decretada há sete dias. A direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado e várias categorias de servidores, além de trabalhadores sem-terra, também não desocuparam a Secretaria da Fazenda e passaram a exigir a revogação do decreto do governo alagoano que suspendeu os reajustes salariais concedidos ao funcionalismo a partir de abril do ano passado.

O procurador-geral de Justiça, Coracy Fonseca, afirmou que, após estudar o decreto que reduziu salários por meio da suspensão dos reajustes, para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, concluiu que a medida foi inconstitucional:

¿ O governo não pode cortar vantagens concedidas há mais de seis meses, depois de aprovação pelo Poder Legislativo. Foi uma medida arbitrária e inconstitucional, por ferir vantagens adquiridas legalmente pelos servidores públicos estaduais. O decreto extrapola a lei. Se não houver entendimento do chefe do Executivo com os trabalhadores, o Ministério terá de recorrer à Justiça.

No início da manhã, professores e servidores da saúde decidiram manter a paralisação. Por volta das 11h, líderes das categorias em greve, a direção da CUT, entidades de direitos humanos, a Procuradoria Geral de Justiça, a OAB e representantes do governo se reuniram no comando-geral da PM para discutir a suspensão da greve e a desocupação da Secretaria da Fazenda. Não houve acordo.

A greve geral deixa cerca de três milhões de alagoanos sem Polícia Civil e mais de cem mil estudantes sem concluir o ano letivo de 2006, e provoca o caos na saúde. Devido à paralisação dos servidores do IML, do fim de semana até ontem os bombeiros é que recolhiam corpos de vítimas de acidentes e crimes. Quem precisou de atendimento no maior pronto-socorro do estado ficou mais de três horas na espera. Não havia nem pessoal para levar os pacientes nas macas.

¿ Sabemos que a população está sofrendo. Mas, enquanto o governo não revogar o decreto, a situação vai ser assim ¿ afirmou José de Melo, funcionário da unidade de emergência de Maceió.

O Sindicato dos Médicos afirmou que 30% do efetivo dos hospitais garantiam atendimento a pacientes em risco.