Título: Estados temem perdas
Autor: Barbosa, Flávia e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 23/01/2007, Economia, p. 17

Pacote divide governadores

BRASÍLIA. Convidados para a solenidade de lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os governadores de oposição elogiaram a iniciativa do governo, mas reclamaram por não terem sido consultados na elaboração das propostas. Parte deles também saiu do Palácio do Planalto preocupada com a possibilidade de perder recursos vindos do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Já os governadores aliados elogiaram muito o plano.

¿ É preocupante à medida que você não participa do banquete, mas é chamado na hora de pagar a conta ¿ disse o governador da Paraíba, o tucano Cássio Cunha Lima, um dos mais críticos.

Cunha Lima disse ainda que a preocupação com a redução nos repasses do FPE surgiu a partir das propostas de isenção de impostos, como o IPI e o Imposto de Renda, que geram recursos para o fundo. Na Paraíba, por exemplo, o FPE é responsável por 48% da receita estadual.

¿ O que é antifederativo é que a União poupou as contribuições e não desonerou os impostos exclusivos (do governo federal). Faz cortesia com o chapéu alheio ¿ criticou o governador tucano.

Já o governador de São Paulo, José Serra, participou da cerimônia no Planalto, mas não deu entrevistas. Segundo seus aliados, Serra não acredita na eficácia das medidas e classificou o pacote como ¿a tentativa do afogado de se desafogar puxando o cabelo¿. Para ele, a solução para o crescimento do país é uma mudança na política de câmbio e juros.

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também fez ressalvas:

¿ Faltou uma conversa franca para criar um clima de compartilhamento. Perdeu-se uma oportunidade, sem tirar o mérito das medidas, de criar racionalidade entre os orçamentos.

Os petistas Marcelo Déda, governador de Sergipe, e seu colega da Bahia, Jaques Wagner, mostraram preocupação com a redução de receitas dos estados:

¿ Há uma preocupação de todos os governadores, não apenas dos do Nordeste ¿ afirmou Déda.

¿ A renúncia é boa porque atende a demanda do setor produtivo para investir mais e baratear custo, mas diminuirá o bolo arrecadado que vai para os estados ¿ disse Wagner.