Título: Empresários esperavam desoneração maior
Autor: Barbosa, Flávia e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 23/01/2007, Economia, p. 17

No lançamento do PAC, executivos elogiam iniciativa, mas cobram empenho do governo na execução do plano

Mirelle de França

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. A maioria dos empresários convidados para a solenidade de lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Palácio do Planalto recebeu bem as medidas. Apesar dos elogios, alguns empresários disseram que o governo poderia ter oferecido uma desoneração fiscal maior. E cobraram empenho do Executivo para cumprir todas as promessas anunciadas ontem.

¿ Sabemos que nunca é fácil tirar idéias do papel, mas o conceito estratégico do PAC está muito bem elaborado ¿ disse o presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter.

Para Paulo Safady, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a criação do comitê gestor das medidas do pacote é o que pode garantir o sucesso do PAC:

¿ Se algumas medidas saírem logo do papel os resultados serão sentidos este ano.

Alguns empresários, contudo, se mostraram mais céticos. Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, os investimentos não virão automaticamente. Para o presidente do Instituto Acende Brasil, entidade que reúne investidores privados no setor de energia, Claudio Sales, o plano, embora tenha pontos positivos, como a isenção do PIS/Cofins para novos projetos, ainda é insuficiente:

¿ Estas medidas são um incentivo para os investimentos do setor privado, mas, se me perguntarem se é um incentivo com a velocidade e o volume necessários para atender a demanda do setor de energia elétrica na sua totalidade, eu digo que não.

¿O Brasil será outro se essas medidas forem cumpridas¿

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, achou positivo o PAC, mas criticou a falta de corte de gastos públicos.

¿ A partir do momento que se faz um programa direcionado ao crescimento, a partir do momento que o presidente da República em todos o seus discursos fala em crescimento, começa a nos deixar satisfeitos ¿ disse Skaf. ¿ Sentimos que deveria se dar mais ênfase à questão dos gastos públicos e da eliminação de desperdícios do setor.

O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, mostrou otimismo:

¿ O Brasil será outro se essas medidas forem cumpridas. Se tudo isso acontecer, vamos resolver rapidamente os gargalos da infra-estrutura.

¿ O PAC dá margem para nós desenvolvermos mais projetos privados. Mostra que há compromisso do governo, e isso é fundamental ¿ disse o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna, de um setor que pretende investir US$25 bilhões nos próximos cinco anos.

O presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte, reclamou que o capítulo que trata das concessões de rodovias federais não menciona a terceira fase do programa, que envolve seis mil quilômetros de estradas federais e já estava sendo analisado na Agência nacional de Transportes Terrestres:

¿ Estranhei que não tenha sido sequer mencionado, o que é muito negativo pois se está falando de um programa para os próximos quatro anos.

Para o coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Rezende, o PAC é necessário, mas, com exceção do setor elétrico, o PAC mantém indefinidas as garantias à iniciativa privada nos projetos de concessão de rodovias ou de áreas dos portos.

COLABOROU: Demétrio Weber