Título: Investimentos no Rio se concentram em energia
Autor: Barbosa, Flávia e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 23/01/2007, Economia, p. 17

Dos R$81 bilhões destinados ao Sudeste, R$34 bi deverão garantir ao estado a auto-suficiência em petróleo

BRASÍLIA. Com sua vocação natural, o Estado do Rio receberá fortes investimentos na área de energia dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ¿ algo próximo de R$40 bilhões. Em outros setores, no entanto, os desembolsos previstos para a região foram tímidos. Um exemplo é a área de transportes, com apenas R$1,016 bilhão nos próximos quatro anos, enquanto o total reservado para o país é de R$58,28 bilhões no período.

O PAC, divulgado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, traz investimentos de R$503,9 bilhões em infra-estrutura até 2010. A área mais bem contemplada foi justamente a energética, com R$274,8 bilhões no total, com forte concentração na Região Sudeste (R$80,8 bilhões). Para o Rio, foram reservados R$34 bilhões, com o objetivo de garantir a auto-suficiência em petróleo, por meio da Petrobras. Outros R$3,76 bilhões servirão para tirar do papel o Plano de Antecipação de Gás (Plangás), além de mais R$910 milhões para a construção de gasodutos.

Ontem, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) foi só elogios ao PAC. Para compensar a exclusão da linha 3 do metrô do programa, ele já admite recuperar a ligação ferroviária entre Niterói e Itaboraí. A idéia é transformá-la numa espécie de pré-metrô, que funcionaria em sinergia com as balsas que cruzam a Baía de Guanabara até o Rio.

¿ O ótimo é inimigo do bom. Não dá para querer que tudo seja realizado em quatro anos. O Rio sai muito bem atendido. Vamos buscar caminhos próprios e parcerias com o setor privados para crescer cada vez mais ¿ defendeu o governador, um dos aliados de Lula.

Cabral viu outros benefícios no programa, como o fato de a Petrobras, responsável por 34% dos investimentos do PAC, aplicar a grande maioria dos recursos no estado, que representa 80% do petróleo nacional.

¿ Achei o projeto muito bem fundamentado. Tem uma visão logística de integração nacional. Visa à melhoria e à acessibilidade do sistema portuário brasileiro, aeroportuário, ferroviário, além de grande investimento no setor rodoviário ¿ disse.

O arco rodoviário é outra obra que deve aquecer a economia fluminense, na opinião do governador. Ele acredita que o projeto vai gerar milhares de emprego pelas obras se estenderem do Porto de Sepetiba e por percorrer as principais rodovias federais que cortam o Rio: Washington Luiz e a Via Dutra.

Estão previstos ainda para o Rio, também dentro do PAC, a construção da usina hidrelétrica de Cambuci, com R$114 milhões em investimentos, e da usina hidrelétrica de Barra do Pomba, com mais R$184 milhões. Com linhas de transmissão, o estado terá a interligação de Campos-Macaé (R$52,9 milhões) e a de Araraquara (SP) a Nova Iguaçu, com outros R$981 milhões em desembolsos.

O brilho do Rio na área energética não se repetiu nos investimentos relativos a transportes dentro do PAC. Apenas três obras foram especificamente listadas para o estado, mas o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, as considera de grande importância. Entre elas, está a construção do Arco Rodoviário, que vai consumir R$760 milhões, além da adequação da linha férrea Barra Mansa, com mais R$56 milhões. Por fim, também entrou a drenagem do Porto de Sepetiba, com R$200 milhões.

Na área de saneamento, no entanto, a escassez é grande. Do valor anunciado para o setor e que o governo tem condições de desembolsar imediatamente, o município do Rio receberá apenas R$11 milhões, uma pequena fração do total de R$3 bilhões que serão liberados para todo o país. Além de o Rio não ter apresentado projeto ao Ministério das Cidades, a Cedae não tem condições econômicas de obter financiamento que não seja a fundo perdido.

Por isso, o ministro da pasta, Márcio Fortes, informou que pretende chamar os dirigentes da companhia para uma conversa ainda esta semana. A idéia é buscar alternativas para beneficiar a região.

TRABALHADOR PODERÁ INVESTIR EM INFRA-ESTRUTURA COM FGTS, na página 24