Título: Deputado na oposição esfarela
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 24/01/2007, O País, p. 5
Líder do PR diz que o partido, ex-PL, superou o `momento ruim do mensalão¿
BRASÍLIA. O líder do PR (ex-PL) na Câmara, Luciano Castro (RR), aponta a fidelidade ao presidente Lula como trunfo para atrair deputados que querem entrar na base do governo. Com a experiência de quem já está na Câmara há 16 anos, Castro explica que um deputado que fica na oposição muito tempo não resiste e, como um ¿castelo de areia¿, esfarela perdendo prefeitos e vereadores.
Qual o segredo para o crescimento do PR (ex-PL)?
LUCIANO CASTRO: O PL viveu um momento muito ruim com o escândalo do mensalão. Éramos estigmatizados. Nosso resultado nas urnas foi muito ruim, 23 deputados. Mas tiramos uma lição. Mudamos tudo. Temos uma filosofia nova comprometida com o desenvolvimento e com os valores republicanos. Agora, é o Partido da República.
E por que não uma migração para outros partidos?
CASTRO: Essa é a diferença. Tivemos coragem de mudar. Enquanto isso, o PTB é um partido que ainda tem o Roberto Jefferson, o que prejudica muito. O PP tem o Paulo Maluf (deputado eleito). O PMDB é um partido muito inchado, não vota unido. Depois do PT, o PR será o partido aliado mais importante.
Qual a vantagem de ir para o PR?
CASTRO: Temos a vantagem de oferecer a estrutura estadual do partido. Vai entrar agora um deputado de Santa Catarina, o Nelson Gotten, que era do PFL. Vai ter o partido na mão dele. No PFL, era mais um. É um exemplo. Dá ao deputado visibilidade e fortalece sua atuação política.
Deputados estão trocando de partido para ficar numa legenda governista. Isso pesa?
CASTRO: Claro. O PL sempre foi um aliado. Vários deputados precisam estar na base aliada. Caso contrário, começam a perder prefeitos e vereadores. Um deputado que precisa do governo não agüenta muito tempo na oposição. É como um castelo de areia que se esfarela: se o deputado não responder às necessidades de sua base, ele começa a perder apoio.
Até onde o PL vai crescer?
CASTRO: Até 50 deputados. Não quero passar disso. Porque depois fica difícil atender a demanda. Posso garantir que até o dia 30 de janeiro, seremos 42 deputados.(G.C.)