Título: Médicos e enfermeiros deixam greve em AL
Autor: Ferreira, Arnaldo
Fonte: O Globo, 24/01/2007, O País, p. 8
Policiais, professores e outras categorias permanecem parados; governador começou a devolver parte de salários
MACEIÓ. Embora o governador de Alagoas, Teotonio Vilela (PSDB), tenha começado ontem a cumprir ontem a promessa de devolver aos servidores parte dos salários cortados por força de um decreto estadual, os policiais civis, os professores e outras categorias do funcionalismo mantiveram ontem a greve, que já completou uma semana. Ontem, médicos e enfermeiros foram os primeiros a sair da greve geral. O IML também voltou a funcionar.
Em assembléia, os oficiais da Polícia Militar decidiram também suspender o aquartelamento da tropa, previsto para começar ontem. Mas as delegacias de polícia permanecem fechadas pelo menos até amanhã, quando os policiais civis farão assembléia.
O prédio da Secretaria da Fazenda continua ocupado por professores, que só receberam 20% da reposição salarial. A ocupação impediu que o governo repassasse ontem os R$32 milhões destinados mensalmente aos Poderes Legislativo e Judiciário de Alagoas. Sem o dinheiro, deputados e juízes ficarão sem salário. O presidente da Assembléia, deputado Celso Luiz (PMN), cobrou o fim do impasse entre governo e servidores.
O governo obteve da juíza Maria Valéria Lins ordem de reintegração de posse da secretaria. Mas, com ajuda de integrantes dos movimentos de sem-terra e dos sem-teto, os professores mantiveram a ocupação, para forçar uma negociação com o governador.
¿ O prédio só vai ser liberado quando o governo revogar definitivamente o decretou que suspende reajuste dos salários e pagar a recomposição integral dos professores ¿ disse o presidente da CUT no estado, Isaac Jackson.
Clima nos quartéis da PM já é mais calmo
Nos hospitais, a população ainda sente os efeitos de uma semana de greve geral. Os médicos voltaram a trabalhar, mas atendentes e auxiliares de enfermagem, que já receberam a recomposição salarial, continuam em greve. Já nos quartéis da PM, o clima já é mais tranqüilo:
¿ Como o governo recompôs os salários, o movimento de aquartelamento arrefeceu. A PM está nas ruas, para tranqüilidade da população ¿ garantiu o comandante geral da PM de Alagoas, coronel Rubens Goulart.
A declaração do comandante da PM serviu também como um recado para o secretário de Defesa Social e Justiça, general Sá Rocha, que estava pronto para convocar 400 homens do Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército para ajudar na segurança pública.
No fim da tarde, o secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado, confirmou que o governo elaborou uma folha complementar reintegrando o salário do funcionalismo e 20% dos reajustes concedido as professores:
¿ Os outros 80% da recomposição dos funcionários da educação temos que discutir com a categoria, porque representa um incremento de R$12 milhões ou seja, todo o gasto com o pessoal da saúde. A reivindicação é justa, mas o governo não tem como atender o aumento concedido em outubro passado ¿ disse Machado.
Como não há definição da data da volta ao trabalho dos professores, mais de cem mil alunos temem perder o ano letivo de 2006.