Título: Impacto no bolso só a longo prazo
Autor: Brígido, Carolina e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 24/01/2007, Economia, p. 21

Com exceção de mínimo e IR, medidas passam longe do consumidor

BRASÍLIA. Os brasileiros que, no dia seguinte à divulgação de um pacote, corriam para os bancos, lojas e aos doleiros, reagiram indiferentes ao serem informados, anteontem, das medidas do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O motivo é claro. O novo conjunto de medidas do governo ¿ com poucas exceções, como a nova regra do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e a desoneração dos computadores ¿ passa a léguas do bolso do trabalhador. Só surtirá efeito a longo prazo, se as medidas e os investimentos forem concretizados.

¿ Este pacote tem um enfoque mais responsável, não está mirando a desoneração para ampliar o consumo, como ocorreu outras vezes com automóveis e materiais de construção. Está visando o investimento para gerar crescimento. Aí sim, a melhoria de emprego, renda e qualidade de vida virá. Porém, no longo prazo ¿ afirmou Andrew Frankstorfer, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,Administração e Contabilidade (Anefac).

A única medida de desoneração com impacto direto nas pretensões de compra do brasileiro é redução de impostos para computadores mais caros (até R$4 mil, antes limitava-se a R$2,5 mil)

¿ Esta medida vai fazer com que pequenos empresários comprem servidores mais potentes, atuem em rede ¿ afirmou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Analistas esperam mais emprego com o pacote

No médio prazo, outra medida importante é a desoneração para a produção de equipamentos da TV digital. Em um ano, os brasileiros começarão a comprar conversores de sinal analógico para digital.

Mas os economistas acreditam que o grande legado do PAC para a população será o aumento do emprego.

¿ Se estes investimentos se concretizarem, sobretudo o de obras de infra-estrutura, este governo poderá gerar muito mais emprego que no primeiro mandato, absorvendo pessoas menos qualificadas, aproveitadas pela construção civil ¿ afirmou o professor Ricardo Caldas, do Instituto de Ciência Política e Economia da Universidade de Brasília (UnB).

Frankstorfer, da Anefac, também acredita que o PAC pode alavancar o emprego, porém ele condiciona isso à atração do investimento privado:

¿ O investimento das estatais estava previsto, era praticamente o mesmo e como grande parte é da Petrobras, seu efeito no mundo do trabalho já foi sentido. Depende desse sucesso uma geração vigorosa do emprego, que terá um bom impulso com a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas ¿ disse.

AÉCIO FAZ CRÍTICAS A PACOTE, na página 24