Título: Aécio afirma que recursos são até ofensivos
Autor: Cotta, Sueli e Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 24/01/2007, Economia, p. 22

Sérgio Cabral evita confronto, mas secretário diz que Rio ainda tentará receber dinheiro para Angra 3 e Metrô

BELO HORIZONTE, RIO e PORTO ALEGRE. Os recursos para Minas Gerais no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são ¿ofensivos¿ para o estado, na avaliação do governador Aécio Neves (PSDB). Para ele, há um distanciamento que não permite a adequada aplicação do dinheiro e, sem uma articulação, houve um choque de prioridades.

¿ Quando a União se considera capaz de definir, sem quaisquer consultas aos estados federados, as suas prioridades, no mínimo, comete equívocos e deixa lacunas ¿ disse Aécio.

Assim, segundo ele, foram prejudicadas as regiões Noroeste e Norte do estado, além dos vales do Jequitinhonha e Mucuri. A ausência de recursos para essas áreas pobres é injustificável, afirmou.

Minas Gerais reclama investimentos em ferrovias

No caso das ferrovias, o estado sequer foi citado no PAC. Na área rodoviária, ficaram de fora vários trechos, como a ligação entre Belo Horizonte e Barbacena na BR-040, e a BR-116 (Rio-Bahia). Aécio também reclamou dos recursos para o metrô da capital e para o aeroporto de Confins, onde há apenas o projeto de ampliar o estacionamento.

¿ Não houve o cuidado, sequer, de compreender a importância estratégica de Minas para o crescimento da economia no que diz respeito a investimentos em aeroportos. Minas recebeu ato, eu diria, até ofensivo à importância do estado. Espero, sinceramente, que isso possa ser revisto ¿ disse Aécio, que deve enviar um documento a deputados federais, para que as obras sejam defendidas no Congresso.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), voltou a dizer que o PAC foi bom para o estado. Mas vai querer mais. Ele afirmou que as obras no Porto de Sepetiba e a construção do Arco Rodoviário serão importantes, mas seus secretários vão trabalhar para trazer recursos para projetos que estão fora do PAC, principalmente a Linha 3 do Metrô, a Usina Nuclear de Angra 3 e a área de saneamento:

¿ Fomos contemplados com investimentos importantes para o desenvolvimento econômico do estado. Fiquei muito feliz de ver um projeto tão bem elaborado e integrado.

Segundo Cabral, o governo federal tem conhecimento de um plano elaborado pelo estado para fazer um pré-metrô, utilizando vagões que estão parados e a linha férrea desativada entre Niterói e Itaboraí.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno, afirmou que o Rio ainda vai procurar formas de obter recursos para obras como a Usina Nuclear de Angra 3 e o metrô.

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), disse que ficou satisfeita com os investimentos, mas acha que faltaram áreas importantes em seu estado, como a ampliação do trem metropolitano. Ela manifestou preocupação com o impacto das desonerações no caixa do Rio Grande do Sul.

Até segunda-feira, os governadores devem se reunir com representantes das regiões, em Brasília, para negociar uma agenda com as reivindicações, que será levada para apreciação do presidente Lula.