Título: Computador deve ficar até 12% mais barato
Autor: D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 24/01/2007, Economia, p. 24

Isenção do PAC vai beneficiar modelos de até R$4 mil. Com isso, mercado espera vender mais `notebooks¿

SÃO PAULO. O aumento do limite de isenção do PIS/Cofins para microcomputadores (de mesa e portáteis) de até R$4 mil, previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deve reduzir entre 10% e 12% os preços dos equipamentos dessa faixa de preços. A previsão é da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que projeta também um aumento da ordem de 20% no volume de vendas de computadores pessoais no país este ano.

O peso das duas contribuições sobre o valor dos micros e notebooks é de 9,25%. Mas, desde meados de 2005, os equipamentos com preço até R$2,5 mil (desktop, oucomputador de mesa) e R$3 mil (notebook) já estavam isentos da PIS/Cofins. Benefício que agora se estenderá aos produtos com preço de até R$4 mil. As avaliações sobre os efeitos da medida entre os fabricantes desses equipamentos, entretanto, ainda divergem.

A HP do Brasil, por exemplo, que tinha três dos sete modelos de notebooks que vende no país beneficiados pela isenção inicial, agora terá mais um. Entre os desktops, onde apenas quatro dos seis modelos da marca eram beneficiados, todos agora estarão isentos da PIS/Cofins.

¿ Vemos a oportunidade de cortar em 10% os preços desses produtos no varejo, o que vai beneficiar um número maior de consumidores ¿ diz a diretora de produtos pessoais de consumo da HP do Brasil, Valéria Molina.

Impulso maior foi na primeira desoneração

Já o diretor de vendas de Informática e Varejo da Semp-Toshiba, Celso Soares, considera que a extensão do limite de isenção pouco ajudará a ampliar as vendas, já que beneficia produtos de uma faixa em que, uma queda de 10% no preço, pouco influi na decisão de compra do consumidor. O grande impulso nas vendas, segundo ele, já veio com a isenção dada em 2005.

¿ Não enxergamos na ampliação do limite (de isenção) um grande impacto, porque para o usuário doméstico os modelos mais caros não fazem muita diferença ¿ diz Soares, informando que 90% das vendas de micros da empresa são de modelos de até R$3 mil.

As duas empresas concordam, contudo, que no segmento de notebooks o crescimento das vendas pode ser muito acima dos 20% previstos pela Abinee. Antes da MP do Bem, que desonerou os micros, lembra Soares, da Semp-Toshiba, as vendas de notebooks no mercado formal eram insignificantes. Por isso, desde então, crescem a taxas exponenciais. Segundo estimativa da IDC, que audita o setor, o segmentos de notebooks crescia em 2006 a uma taxa superior a 170%.

Há consenso também de que a nova medida é mais um passo na luta contra o chamado mercado cinza (de computadores sem marca, montados com componentes contrabandeados), que ainda responde por mais de 40% das vendas.

¿ Agora, com isenção até R$4 mil, temos expectativa de ganhar ainda mais espaço no chamado mercado cinza e quem sabe chegar ao fim deste ano com 70% do mercado de microcomputadores legalizados no país ¿ prevê o presidente da Abinee, Ruy de Salles Cunha.