Título: Infra-estrutura preocupa executivos no Brasil
Autor: Beck, Martha e Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 24/01/2007, Economia, p. 27

Pesquisa da Price aponta otimismo global de empresários para os próximos 12 meses em patamar recorde

DAVOS, Suíça. Um dia depois de o governo anunciar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ampliar investimentos em infra-estrutura, a consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) divulgou pesquisa na qual os maiores diretores-executivos de grandes empresas instaladas no Brasil apontam problemas nesta área como principal preocupação em seus negócios no país. Segundo o estudo, 74% dos executivos estão preocupados com a infra-estrutura básica, que inclui saneamento e transportes. O governo espera que as medidas do pacote resultem em investimentos de mais de R$500 bilhões no setor até 2010.

A pesquisa foi divulgada na véspera da reunião anual do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. O evento, que reúne a elite econômica e política do mundo, terá 2.400 participantes de 90 países, entre eles, 24 chefes de Estado e de governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e mais de 800 diretores-executivos participam do Fórum.

BRICs ainda são aposta para crescimento dos negócios

A pesquisa da PwC ¿ que não inclui a percepção sobre o PAC ¿ também mostra que a maioria dos executivos no Brasil (60%) está muito confiante no crescimento de seus negócios nos próximos 12 meses. O otimismo cai um pouco quando se considera um período de três anos (57%), mas continua elevado quando comparado à percepção global. Segundo o estudo, 44% dos executivos de 50 países estão muito confiantes sobre seus negócios até 2009. Em relação aos próximos 12 meses, esse percentual atinge o patamar recorde de 52%.

No mundo, o excesso de regulação é a principal preocupação dos executivos (70% preocupados e 33% muito preocupados), seguida pela falta de mão-de-obra qualificada. Segundo o diretor-executivo da PwC, Samuel DiPiazza Jr., o que mais causa apreensão não é necessariamente a falta de regras claras, mas a mudança no meio do jogo, fazendo com que as empresas percam dinheiro ao investir a longo prazo:

¿ Uma regulação conflitante é o maior problema.

As oscilações nos preços do petróleo ficam em quarto lugar na lista de preocupações. Sinal de mudança dos tempos, um dos últimos itens da lista é a instabilidade política.

Os executivos continuam apostando nos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) como mercados onde seus negócios podem crescer significativamente nos próximos anos. Mas, segundo DiPiazza, o maior interesse é na China. México, Indonésia e Turquia também despertam a atenção. A expectativa é que em 2050 a economia desses países supere a do G-7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).