Título: Popularidade dos EUA em baixa no mundo
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Fonte: O Globo, 24/01/2007, O Mundo, p. 30
Segundo pesquisa, 73% desaprovam atuação no Iraque; no Brasil, índice é ainda maior
LONDRES e BAGDÁ. No dia em que o presidente George W. Bush expôs seus novos projetos à nação americana, a rede britânica BBC divulgou uma pesquisa, realizada em 25 países, em que claramente se nota a percepção negativa que o mundo passou a ter dos Estados Unidos e sua política externa pós-11 de Setembro. Das 26 mil pessoas que responderam ao questionário, 73% desaprovam a atuação americana no Iraque; 67% discordam do tratamento dado aos detentos de Guantánamo; 65% são contrários à forma com a qual os americanos lidaram com a guerra entre Israel e o Hezbollah, no Líbano; 60% não apóiam os termos de negociação com o Irã, e 54% os com a Coréia do Norte. Além disso, 56% estão insatisfeitos com o descaso do país em relação ao aquecimento global.
A pesquisa mostrou ainda que os EUA passaram a desagradar mais ao mundo de 12 meses para cá, com a deterioração da situação no Iraque. Dos 25 países pesquisados, 18 haviam participado de um levantamento semelhante realizado em 2005/2006. Se antes uma média de 36% das pessoas afirmavam acreditar que os EUA tinham uma boa influência no mundo, há um ano, hoje o percentual é de 29%. Uma em cada duas pessoas (49%) afirmou que os EUA têm uma influência negativa no mundo.
O levantamento, encomendado pelo serviço mundial da BBC ¿ e realizado pela empresa GlobalScan, junto com o Program on International Policy Attitudes (PIPA), da Universidade de Maryland, nos EUA ¿, foi feito também no Brasil, onde a percepção em relação aos EUA mostrou-se ainda maior do que a média mundial. Aqui, 85% dos entrevistados se mostraram contrários à guerra no Iraque, 73% desaprovam, por exemplo, o fato de os EUA não terem políticas contra o aquecimento global e 57% acham que os EUA têm uma influência negativa no mundo. Além de Brasil, foram pesquisados países como Argentina, Nigéria, Egito, Turquia, França, Reino Unido, Itália, Índia e Austrália.
¿ Os dados nos mostram que, na opinião pública mundial, os Estados Unidos parecem não estar acertando em nada relacionado à política externa ultimamente ¿ disse Steven Kull, diretor do PIPA.
EUA prendem 600 integrantes de milícia xiita no Iraque
Num dia em que mais violência foi registrada no Iraque, com atentados matando civis, soldados americanos e iraquianos, o Exército dos EUA anunciou ontem já ter prendido 600 combatentes e 16 líderes da milícia radical xiita Exército do Mahdi, liderada pelo clérigo Moqtada al-Sadr. Segundo os americanos, as prisões ocorreram depois de 52 operações, realizadas num período de 45 dias contra a milícia xiita e também insurgentes sunitas. ¿Os detidos são responsáveis por ataques contra o governo do Iraque, cidadãos iraquianos e forças de coalizão¿, disse uma nota divulgada pelo comando militar americano no Iraque. O Exército do Mahdi contaria com cerca de 60 mil combatentes. Ainda não há detalhes sobre o quão importantes seriam os líderes da milícia que foram detidos.
Além dos combatentes e líderes da milícia xiita, foram detidos 33 extremistas sunitas em Bagdá durante o mês e meio de operações. Segundo a nota do Exército americano, eles eram ¿responsáveis por facilitar ataques de combatentes estrangeiros, explosões de carros-bomba e operações de propaganda¿.