Título: Bush anuncia corte de gasolina
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Fonte: O Globo, 24/01/2007, O Mundo, p. 30
Em discurso no Congresso, presidente traça política energética sem fixar redução dos gases-estufa
WASHINGTON
Em seu primeiro discurso sobre o Estado da União diante do Congresso dominado pelo Partido Democrata, ontem à noite, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciaria uma grande mudança na política energética do país. Entre as propostas, um corte de 20% do consumo de gasolina nos EUA até 2017, que permitiria a duplicação das reservas de petróleo do país. Ele também tentaria convencer os opositores de que seu plano de enviar mais 21,5 mil soldados para o Iraque deveria receber apoio de deputados e senadores. Acuado pela menor popularidade de seu governo, e a menor de qualquer presidente no dia do discurso anual no Congresso desde Richard Nixon em 1974, Bush buscaria também revelar detalhes de várias propostas de programas domésticos, como uma profunda mudança nos planos de saúde privados do país.
¿Estender a esperança e a oportunidade depende de um fornecimento estável de energia que mantenha num bom rumo a economia dos Estados Unidos e seu meio ambiente limpo. Por tempo demais nosso país tem sido dependente de petróleo estrangeiro. E esta dependência nos deixa mais vulneráveis a regimes hostis, e aos terroristas, que podem criar grandes obstáculos a carregamentos de petróleo , aumento do preço do petróleo, e provocar grandes danos à nossa economia¿, afirmaria o presidente diante do Congresso, segundo trechos do discurso antecipados pela Casa Branca. ¿É nosso interesse vital diversificar o fornecimento de energia dos EUA. E a nossa forma de fazer isso é através da tecnologia¿.
Bush proporia no discurso um corte de 20% no consumo de gasolina nos Estados Unidos em dez anos. Para isso, o governo passaria a incentivar o aumento na mistura de etanol (álcool combustível) à gasolina e faria leis obrigando montadores a produzirem veículos mais econômicos.
`Unidos pela vitória no Iraque¿
O presidente americano não anunciaria qualquer política governamental para cortes na emissão de dióxido de carbono, como vem sendo pedido pela comunidade internacional, cientistas e grupos ambientalistas. Este mês, a União Européia anunciou um corte de 20% nas emissões, em relação a 1990, até 2020. Até mesmo um grupo de dez corporações americanas faz lobby para a redução no lançamento gases do efeito estufa na atmosfera.
Bush também tentaria convencer a oposição democrata a apoiar o aumento no número de soldados no Iraque.
¿Muitos nesta Câmara entendem que os EUA não pode fracassar no Iraque. Porque vocês entendem que as conseqüências de um fracasso seriam graves e de grande alcance¿, diria Bush ontem à noite, segundo um trecho adiantado pela Casa Branca.
O presidente americano usaria ontem a linha de argumentação que passou a seguir desde que ficou claro que o Iraque de Saddam Hussein não tinha qualquer arma de destruição em massa, motivo apresentado à população, e ao próprio Congresso, para a invasão de março de 2003: o conflito no Oriente Médio faz parte de uma guerra maior contra o terrorismo internacional. Porém, ele faria uma proposta diferente, segundo o que adiantou a Casa Branca antes do discurso. Bush proporia a criação de um conselho especial formado por congressistas republicanos e democratas para trocar idéias sobre a batalha contra o terror.
¿Nós compartilharemos idéias sobre como posicionar os Estados Unidos para enfrentar qualquer desafio que nos seja imposto. E nós mostraremos a nossos inimigos no exterior que estamos unidos no objetivo de atingir a vitória¿, diria o presidente para os parlamentares.
O presidente americano também buscaria uma aproximação com os congressistas democratas, que agora controlam as duas câmaras do Congresso. Ele anunciaria ainda estar disposto a aprovar uma lei que instituísse a figura dos trabalhadores-convidados, imigrantes não-residentes que poderiam trabalhar nos EUA temporariamente. Ano passado a proposta foi recusada pelos republicanos, mas recebida com simpatia pelos democratas.
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