Título: Cedae vai tentar ajuda federal para 50 obras
Autor: Duarte, Patricia e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 25/01/2007, Economia, p. 25

Empresa recorrerá ao Programa de Aceleração do Crescimento e quer apoio a fundo perdido para melhorar gestão

BRASÍLIA. A Cedae fará um levantamento de 50 obras que considera prioritárias para apresentá-las, no dia 14 de fevereiro, ao ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida. O objetivo é tentar incluí-las na linha de saneamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ontem, em reunião no Palácio do Planalto, Fortes, o vice-governador do Rio e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, acertaram um calendário de reuniões para agilizar a parceria entre o governo federal e a Cedae.

Victer disse que ainda não tem o valor dessas obras, mas adiantou que, somente para a Baixada Fluminense, seriam necessários cerca de R$150 milhões. Além disso, a Cedae espera contar com apoio federal, a fundo perdido, para a reestruturação da empresa.

- Estamos reorganizando a empresa, que estava totalmente desestruturada. Vamos ter apoio do Ministério das Cidades possivelmente em duas linhas: uma para reestruturar a empresa, cujo acordo de cooperação devemos assinar já na sexta-feira (amanhã), e outra linha para retomar alguns investimentos, basicamente na Baixada Fluminense. Muitos equipamentos foram instalados e estão abandonados - afirmou Victer, observando que os recursos que puderem ser liberados "valem ouro".

Segundo o presidente da Cedae, há muitas opções para investir os recursos, como em caixas d'água e sistemas de estações elevatórias que não estão funcionando, além da troca de hidrômetros.

A verba a fundo perdido que a Cedae espera obter será direcionada para a reestruturação da companhia. A idéia inicial é aplicá-la em controle patrimonial, informática e modernização administrativa e comercial da empresa.

- Não vim tungar dinheiro do governo federal. Queremos fazer projetos claros - disse o presidente da Cedae.

Pezão declarou que a empresa não tem capacidade de endividamento e o acordo com o governo federal possibilitará à companhia se reestruturar para obter financiamentos.

- Com este apoio, a Cedae vai ter condições de ser a empresa que sempre foi - disse, otimista, Pezão.

O ministro das Cidades afirmou que o governo federal vai decidir de que forma poderá apoiar as companhias estaduais de saneamento que passam por dificuldades:

- Estamos definindo as condições de apoio. Temos investimentos, e recursos de custeio, que devem ser incluídos no Orçamento Geral da União. E estamos verificando quais são os itens que poderão ser objetos de apoio. É preciso não confundir capacitação e apoio com qualquer outra utilidade, como pagamento de dívida. Isso não será possível.

Dívida da Cedae chega a R$2 bilhões

Das 24 concessionárias estaduais de saneamento, 11 estão deficitárias, com alto índice de inadimplência, endividamento e perdas elevadas. No caso da Cedae, a dívida é estimada em R$2 bilhões. O balanço de 2005 da companhia mostra que as despesas superaram as receitas em 5,62%.

- Vamos ver que tipo de colaboração podemos oferecer, dentro das prioridades que o presidente Lula determinou, de cooperação nas áreas de gestão, capacitação e formulação de projetos. Estamos juntos para a Cedae ter melhor gestão, menores perdas, maior arrecadação e melhor qualidade de serviço. Concomitantemente, veremos os projetos prioritários da Cedae para atender a população - disse o ministro das Cidades.