Título: Servidores já ameaçam ir à greve contra política de reajuste do pacote
Autor: Duarte, Patricia e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 25/01/2007, Economia, p. 25

Entidade que representa 700 mil funcionários do setor prepara plenária

BRASÍLIA. Os servidores públicos federais ameaçam entrar em greve em março, se o governo não alterar a política de reajuste do funcionalismo, anunciada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condesef), que representa 700 mil servidores da ativa e aposentados, já organizou a plenária nacional para março.

- Há uma possibilidade real de fazermos uma grande greve, organizada com outros setores. O que mais nos incomoda é que o governo passou a ver do recurso destinado aos servidores como gasto e nós acreditamos que o funcionalismo é investimento - afirmou Ismael José César, diretor da Condesef.

No PAC o governo limita o aumento do gasto do funcionalismo em variação do IPCA mais 1,5%. Isso pode significar o fim de grandes reposições salariais, já que ainda existe pressão para novas contratações. Os atuais servidores tendem a ter apenas a correção da inflação. Porém, impedem o congelamento salarial que existiu no passado.

Categoria reclama que não foi ouvida pelo governo

A regra valerá até 2016 e também ajudaria a proporcionar uma queda na relação de gasto do funcionalismo ante o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzidas no país), argumentam os técnicos da área econômica. Hoje essa relação está em 5,5% e a meta do governo é reduzir isso para 4,7% até 2010.

- Na próxima terça-feira, teremos uma reunião com o Dieese em Brasília, para entendermos melhor a proposta do governo. Queremos conversar em fevereiro com a área econômica do governo e, se nada der certo, poderemos fazer um movimento em março - afirmou Ismael.

O dirigente lembrou que o governo havia iniciado uma série de negociações salariais e prometera contratação de novos servidores, sobretudo para substituir os terceirizados:

- O governo ouviu vários economistas e empresários, mas não nos procurou para tratar das medidas do PAC.

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal (Sindireceita), Paulo Antenor de Oliveira, as medidas são negativas e foram mal recebidas:

- No primeiro momento esta medida é ruim para nós, mas em um segundo momento ela é ruim para a sociedade.