Título: Remessa de lucros bate recorde, mas saldo externo do país atinge US$13,5 BI
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 26/01/2007, Economia, p. 24

Empresas nacionais investiram US$27,2 bilhões no exterior em 2006

BRASÍLIA. Apesar do nível recorde de remessas de lucros e dividendos para o exterior, as transações correntes do país fecharam 2006 com saldo positivo de US$13,528 bilhões, praticamente o mesmo resultado inédito de 2005, quando ficou em US$13,985 bilhões. Os envios das empresas para fora alcançaram US$16,354 bilhões em 2006, quase 30% acima do resultado do ano anterior, de US$12,686 bilhões, segundo o Banco Central (BC). O cenário foi salvo pela balança comercial, que também teve os maiores resultados da história no período, com superávit de US$46,074 bilhões.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o desempenho de 2006 foi altamente positivo e já deu indicações de que o movimento deve continuar em 2007. Isso porque o BC ainda projeta um saldo comercial de apenas US$35 bilhões no período. No mercado, porém, as estimativas estão mais próximas de US$39 bilhões.

Dívida externa do Brasil fecha o ano em US$168,8 bi

Lopes acrescentou que as remessas de lucro e dividendos continuarão fortes, por causa do câmbio valorizado, da maior rentabilidade das empresas de fora que investiram no país e do estoque maior de investimento estrangeiro.

Neste quesito, o BC disse que os investimentos diretos estrangeiros apresentaram saldo de US$18,782 bilhões em 2006, acima dos US$15,066 bilhões de 2005 e o maior já realizado desde 2001, quando chegou a US$22,5 bilhões. Já os ativos brasileiros no exterior passaram de US$8,814 bilhões para US$30,362 bilhões no período, sobretudo com a compra da canadense Inco pela brasileira Vale do Rio Doce, numa operação que pode chegar a US$17 bilhões. No total, em 2006 as empresas nacionais investiram US$27,251 bilhões líquidos lá fora e a expectativa do BC é de que, em 2007, os investimentos fiquem em US$10 bilhões.

¿ Isso não é ruim e abre a possibilidade de trazer receitas de fora, também como remessas de lucros e dividendos ¿ disse Lopes.

Na conta de juros, o déficit no ano ficou em US$11,267 bilhões, enquanto que as viagens internacionais registraram saldo negativo de US$1,448 bilhão. Os brasileiros aproveitaram o dólar abaixo dos R$2,20, para viajar mais ao exterior.

Em dezembro, as transações correntes tiveram superávit de US$388 milhões, enquanto o saldo da balança comercial ficou em US$5,011 bilhões. Na conta de juros, o déficit ficou em US$1,050 bilhão e as remessas de lucros e dividendos tiveram saída líquida de US$3,081 bilhões. Já as viagens internacionais tiveram déficit de US$113 milhões e os investimentos estrangeiros somaram US$2,487 bilhões.

A dívida externa do país fechou 2006 em US$168,867 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$169,450 bilhões do ano anterior. O destaque foi o maior endividamento do setor privado ¿ passando de US$63,107 bilhões para US$75,752 bilhões no período ¿ e o inverso para o setor público, que no ano passado encolheu 20%, para US$75,902 bilhões.