Título: Serra critica o PAC e o corte tímido dos juros. Tucanos fazem coro
Autor: Beck, Martha e Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 26/01/2007, Economia, p. 27

Governador paulista convoca entrevista para falar mal do programa

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O governador paulista, José Serra (PSDB), minimizou ontem a importância do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a economia brasileira. Segundo o tucano, o programa anunciado no início desta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apenas uma ¿ordenação de investimentos¿ e não um plano de crescimento. Serra também fez duras críticas à decisão do Banco Central de desacelerar o ritmo da queda da taxa básica de juros (Selic).

¿ A decisão (do Copom) é contraditória para qualquer estratégia de crescimento da economia ¿ disse Serra, que continuou: ¿ O PAC é apresentado como plano de crescimento econômico, mas o crescimento aparece como uma suposição ¿ disse, na primeira entrevista coletiva convocada exclusivamente para falar sobre o PAC.

O tucano responsabilizou o presidente Lula pela decisão do Copom. Para ele, embora o Banco Central tenha autonomia operacional, a política de juros cabe ao presidente.

¿ Quem foi eleito foi o presidente da República. É o presidente quem responde pela política de juros. Não se pode criar uma ¿figura misteriosa¿ (o Copom) para estabelecer os juros ¿ afirmou.

Para Serra, o PAC é um programa ¿vago¿. O tucano integra a bancada dos governadores descontentes com o PAC, que montaram uma equipe de trabalho para apresentar ao governo federal uma pauta de reivindicações.

O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anunciou ontem, após reunião da executiva nacional, que o partido deverá votar contra a medida provisória que autorizará o uso de recursos do FGTS em obras de infra-estrutura incluídas no PAC. Na próxima semana será divulgado um documento oficial indicando todos os pontos do pacote que os tucanos discordam e, ao mesmo tempo, apresentando sugestões de mudanças.

¿ Nós chegamos à conclusão de que o PAC parece mais uma peça publicitária, cheia de boas intenções e com alguns grandes equívocos. O primeiro deles é atribuir ao investimento público o papel principal de agente de crescimento econômico, o que nunca funcionou em nenhum lugar do mundo. O grande agente de desenvolvimento é a iniciativa privada. Esta visão está totalmente equivocada ¿ disparou Jereissati.

Na avaliação do comando do PSDB, o PAC será insuficiente para garantir o crescimento de 5% ao ano. Ele criticou também a indexação dos salários.

De acordo com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), o governo terá dialogar com a oposição:

¿ Não vejo perigo do PAC não ser aprovado, mas o governo terá de negociar.