Título: McLaren não, Toro Rosso
Autor: Scofield Jr. Gilberto e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 26/01/2007, Economia, p. 28

Analogias automobilísticas do crescimento

Ao anunciar o PAC, o presidente Lula lembrou uma antiga canção da Jovem Guarda. Disse que, ao acelerar a economia, não se pode ¿entrar na Rua Augusta a 120 quilômetros por hora¿, citando a música que fez sucesso na voz de Ronnie Cord. E Lula acrescentou que se deve acelerar com firmeza, na estrada certa, na hora certa, mantidos os limites de segurança. Ao menos na analogia, o presidente acertou num preceito dos amantes do automóvel: usar velocidade com responsabilidade.

Anteontem, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, mandou outra analogia automotiva, ao dizer que o Brasil não é uma McLaren, ¿que atinge 100km/h em três segundos¿.

A McLaren está longe de ser o time mais competitivo da Fórmula-1. Seus carros são muito rápidos, mas quebram amiúde. No campeonato do ano passado, a equipe ficou em terceiro lugar, atrás de Renault e Ferrari. Comparando ao crescimento mundial, a McLaren não chega a ser uma China (10,7%) ou Índia (8,3%) ¿ está mais para o Chile (5,2%). Mas, nessa corrida, o Brasil (estimativa de 2,7% para o ano passado) ficou bem para trás, como, digamos, a escuderia Toro Rosso.

Numa última analogia automobilística, um alento: em corridas de longa duração, nem sempre o carro mais veloz é o que ganha ¿ daí o sucesso de Fusquinhas nas Mil Milhas do passado.

JASON VOGEL é editor do CARROetc