Título: Aquecimento afetará mais os pobres
Autor: Beck, Martha e Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 26/01/2007, Economia, p. 31

Fórum lembra que China e Índia precisam de tecnologias de energia limpa

DAVOS, Suíça. Os países em desenvolvimento serão as maiores vítimas do aquecimento global e não deveriam ser obrigados a arcar com um problema criado principalmente pelas nações ricas, afirmaram ontem executivos e especialistas reunidos no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Os líderes dos países emergentes, entre eles o Brasil, disseram desejar que os EUA e outras nações ricas se responsabilizem mais profundamente pelas emissões de gases do efeito estufa.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, sugeriu mecanismos mais rígidos para monitorar as emissões das potências ocidentais. Isso ajudaria a convencer os países emergentes sobre a necessidade de agir.

¿ Poderíamos criar uma força-tarefa internacional com poder para atuar nos países signatários do Acordo de Kioto. E também para atuar em países como os EUA, que não se comprometeram a reduzir as emissões ¿ disse Furlan.

O indiano Sunil Bharti Mittal, presidente do grupo de telecomunicações Bharti Enterprises, afirmou que os países em desenvolvimento precisavam de incentivos para reagir às mudanças climáticas:

¿ Nós, os indianos, que somamos um bilhão, vamos consumir uma grande quantidade de serviços e de mercadorias responsáveis por criar emissões. Nós vamos precisar de tecnologia e de dinheiro.

China e Índia reafirmaram seu apoio na luta contra o aquecimento global, mas fizeram um apelo para receber tecnologias para produzir energia limpa. Zhang Xiaoqiang, vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, disse que seu país precisa da ajuda do mundo industrializado.

A mesma posição foi defendida pelo diretor-executivo da seguradora Swiss Re, Jacques Aigrain. Ele afirmou que é crucial transferir soluções de energia limpa para Índia e China e disse que não adianta se esconder atrás de acordos globais:

¿ Precisamos de medidas concretas.