Título: Davos: Lula pede colaboração de países ricos
Autor: Beck, Martha e Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 26/01/2007, Economia, p. 31

Presidente afirma que não basta dar dinheiro às nações mais pobres, mas que é necessário investir em projetos

imeiro-ministro britânico Tony Blair, e também com empresários

DAVOS, Suíça. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou ontem em Davos, na Suíça, disposto a mostrar aos participantes do Fórum Econômico Mundial que o cumprimento das Metas do Milênio será possível desde que haja a colaboração dos países ricos. Ao chegar ao Hotel Belvedere, onde ficará hospedado, o presidente afirmou que a idéia não é simplesmente dar dinheiro às nações pobres, mas investir em projetos que ajudem em seu desenvolvimento. As metas, aprovadas pelas Nações Unidas em 2000, incluem acabar com a fome e com a miséria e universalizar a educação básica até 2015.

¿ Vim aqui para mostrar que é possível cumprir as Metas do Milênio se houver um mínimo de compreensão dos países ricos, não para ficar dando dinheiro para os países pobres, mas para investir num projeto que signifique o desenvolvimento destes ¿ afirmou o presidente.

Ministros vão explicar pacote a empresários

Lula citou investimentos em programas de energia renovável, como o biodiesel, como uma forma de ajudar os países em desenvolvimento:

¿ Estou convencido de que há um caminho enorme, sobretudo quando estamos entrando num século de energia renovável, que permita que o mundo que foi pobre nos séculos XIX e XX possa ser desenvolvido no século XXI.

Lula teve ontem reuniões com executivos de grandes empresas como Merck, Advanced Micro Devices (AMD), Google e Citibank, além do ministro da Fazenda do Reino Unido, Gordon Brown. Hoje, ele participará de duas sessões do fórum, com os temas: ¿Novas estratégias para erradicação da fome¿ e ¿América Latina amplia seus horizontes¿. Além disso, o presidente vai se reunir com um grupo de empresários para divulgar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, darão detalhes sobre as medidas. A idéia é atrair mais investimentos para o país.

Lula se encontrará ainda com o presidente mexicano, Felipe Calderón, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, além de participar de uma reunião informal de líderes do Fórum para tratar da retomada das negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ao relatar o encontro de Lula com representantes do Citibank, Furlan afirmou que o diretor-executivo do banco, William Rhodes, anunciou que a instituição tem um agressivo programa de abertura de novas agências no Brasil:

¿ Eles disseram que gostariam de ampliar suas operações, mas que, devido ao sucesso da política econômica nos últimos quatro anos, não encontram nenhuma organização à venda no Brasil. Eles disseram, ainda, que estão procurando parcerias.

Executivos do Google e Lula agendam encontro

Segundo Furlan, o banco também quer avaliar o PAC para intermediar investimentos:

¿ O Citibank está interessado na constituição de fundos para pessoas físicas para infra-estrutura, com isenção de Imposto de Renda.

O presidente Lula também se encontrou com o diretor-executivo da Google, Eric Schmidt. Os dois discutiram a possibilidade de a empresa injetar recursos em programas sociais.

¿ O presidente falou para eles ajudarem em conectividade na área rural, com novas tecnologias. Ficamos de preparar um encontro em março ¿ contou Furlan.

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