Título: Derrota de Evo Morales: oposição elege novo presidenre do Senado
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 26/01/2007, O Mundo, p. 33

Governo confirma projeto de retomar o controle da telefonia da Bolívia

BUENOS AIRES. O presidente da Bolívia, Evo Morales, sofreu um duro revés no Congresso Nacional, no mesmo dia em que o governo confirmou sua intenção de estatizar a telefonia. Depois de quase uma semana de intensas negociações, os partidos opositores conseguiram eleger o novo presidente do Senado, o congressista do movimento Unidade Nacional (UN), José Villavicencio.

O candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) do governo, senador Santos Ramírez, foi derrotado numa votação que consolidou a aliança entre os principais partidos opositores de Morales.

¿ A direita se rearticulou. O povo deverá determinar se os senadores prejudicam o processo de mudança ¿ afirmou o presidente boliviano.

Já o novo presidente do Senado assegurou que o acordo selado pelos partidos opositores prevê ¿a defesa dos dois terços (a aprovação dos artigos da nova Constituição boliviana por dois terços dos votos, no âmbito da Assembléia Constituinte), da democracia, das instituições e o respeito ao pedido de autonomia (dos estados opositores ao governo central)¿. Villavicencio confirmou ontem sua intenção de rever, entre outras iniciativas, o acordo de cooperação militar assinado no ano passado pelos governos da Bolívia e da Venezuela.

Governo estaria disposto a rever posição

O MAS ainda controla a presidência da Câmara e tem a maior bancada (137 representantes) na Constituinte. Para os dirigentes do partido de governo, no entanto, a derrota no Senado representa uma ameaça para o processo revolucionário que Morales pretende liderar.

¿ A oposição se uniu para formar uma bancada neoliberal ¿ acusou o derrotado Ramírez.

Para alguns analistas, no entanto, a vitória dos opositores sinaliza um equilíbrio maior entre as forças políticas do país, o que pode ser positivo.

Segundo informações publicadas pela imprensa local, o governo Morales estaria disposto a flexibilizar sua posição na Assembléia Constituinte, como única saída para desbloquear o processo de elaboração da nova Constituição.

O governo da Bolívia confirmou ontem que pretende recuperar a propriedade da Empresa Nacional de Telecomunicações, hoje controlada pelo grupo italiano Telecom ¿ que estaria disposta a ceder suas ações por US$170 milhões, segundo informou o Executivo.

O vice-presidente Alvaro Garcia afirmou que ¿o objetivo é recuperar as empresas estatais e que o Estado tenha 50% mais um das ações¿. Ele destacou ainda que a política governamental estabelece que as empresas estratégicas bolivianas privatizadas durante o governo liberal de Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-97) devem voltar ao controle do Estado.