Título: Aldo defende congelar salários do Judiciário até se chegar a um teto
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 27/01/2007, O País, p. 4

Em debate, Fruet foi contra a idéia e Chinaglia disse que é preciso discutir.

SÃO PAULO. Bombardeado por críticas depois de tentar aumentar em 90,7% o subsídio dos parlamentares, o presidente da Câmara dos Deputados e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), sugeriu ontem o congelamento dos salários de magistrados até que se estabeleça um teto para o Judiciário. A iniciativa, disse Aldo, representaria uma medida moralizadora. Os três candidatos voltaram a defender o uso de um índice anual de inflação para corrigir os subsídios dos parlamentares.

¿ Tem de se estabelecer teto para todas as carreiras. Devemos congelar os salários dos ministros do STF enquanto o teto não for estabelecido. Essa é uma medida moralizadora e que também estabelece o mínimo de equilíbrio e de isonomia entre o topo da carreira de juízes, promotores e ministros do Judiciário. Eles (magistrados) levam para a vida eterna a aposentadoria e todos esses salários, enquanto que os parlamentares só têm quatro anos de mandato ¿ afirmou Aldo, durante debate promovido pelo jornal ¿Folha de S. Paulo¿ com os também candidatos Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-SP).

Chinaglia preferiu evocar um clima de entendimento antes de apoiar o congelamento. Não descartou a possibilidade de defender a manutenção dos salários dos magistrados no patamar atual até que se estabeleça um teto para a categoria:

¿ Hoje todos defendem o reajuste pela inflação. Prefiro discutir antes com os outros poderes para não passar a idéia de que estaríamos adotando atitude de retaliação ao Judiciário, na medida em que o Judiciário vetou a iniciativa das Mesas da Câmara e do Senado. O caminho de congelar salário pode ser um, mas temos que discutir.

Três opiniões sobre voto aberto.

Fruet disse que o debate não poderia passar por uma ¿disputa emocional¿:

¿ Não podemos fazer desse debate uma disputa emocional entre os poderes. Temos que entender que o Supremo tem uma realidade diferente da do Congresso. Estamos falando da vida de 11 ministros da maior instituição do Brasil que têm o papel de administrar esses conflitos. Não podemos trabalhar esse tema como (se fosse) vingança.

O debate teve outra polêmica: o voto aberto. O mediador perguntou se os candidatos aprovariam o voto aberto já na eleição para presidente da Câmara. Para Chinaglia, ¿realisticamente falando¿, não seria possível aprovar agora modificações na lei.

¿ O voto secreto foi instituído pela Revolução Francesa, para evitar a pressão de quem controla o poder, mas o Brasil passa por um momento em que temos que jogar a favor da transparência. Então, voto aberto também na eleição à presidência da Câmara ¿ reagiu Fruet.

¿ Mantenho minhas dúvidas e restrições sobre dois casos: a eleição da Mesa e os vetos presidenciais, pela capacidade de pressão que o Executivo pode exercer ¿ emendou Aldo.

Nenhum deles se comprometeu com o fim das verbas de gabinete. Para Aldo, o debate deve ser feito com tranqüilidade. Chinaglia disse se tratar de uma discussão difícil. Fruet disse ser favorável à abertura e transparência das contas, mas não defendeu a extinção das verbas.

Os três se confrontaram. Indagado por Fruet sobre sua candidatura estar associada a mensaleiros, Chinaglia disparou:

¿ Se teve alguém envolvido em escândalo que se reelegeu foi por vontade popular. Onde estiver o homem estará também a virtude e o vício.