Título: Lula sobre crescimento : ou vai ou racha
Autor: Berlinck, Deborah e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 27/01/2007, Economia, p. 29

Presidente diz que despesa da Previdência é `política social¿ com os mais pobres

DAVOS, Suíça. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem a platéia de empresários e investidores do Fórum Econômico Mundial, em Davos, para fazer um balanço positivo do seu governo e exaltar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado na última segunda-feira:

¿ O Brasil não pode esperar. Como diz o bom jogador de futebol, ou vai ou racha. Não há nenhuma razão para o Brasil não crescer.

Lula comparou os resultados de seu governo com os obtidos nos anos 50 e no fim da década de 60 no país. Segundo ele, na era JK, a economia registrava crescimentos de 7% ao ano, mas tinha uma inflação de 23%. O presidente ressaltou que, agora, o Brasil aprendeu a crescer com inflação controlada. Apesar das críticas à queda de somente 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, Lula demonstrou apoiar a política do Banco Central (BC) e enfatizou que os juros devem continuar caindo, mas de maneira responsável, pois não existe mágica na economia:

¿ É verdade que todos nós gostaríamos que as taxas de juros no Brasil fossem mais baixas do que são. Acontece que você não consegue reduzir as taxas de juros num passe de mágica, é preciso ter estabilidade, confiança ¿ afirmou.

`Sem Previdência, teria mais gente na sarjeta¿

O presidente mostrou ontem por que deixou uma nova Reforma da Previdência de fora do PAC. Apesar de ter sido criticado por não atacar a maior despesa pública, Lula afirmou ontem diante de uma grande platéia de empresários, no Fórum Econômico Mundial, que a Previdência é um gasto que o Brasil precisa assumir com a população pobre e que não está preocupado com o déficit de R$42 bilhões.

Segundo o presidente, o país realizou o maior programa social do mundo ao incluir no regime da Previdência os trabalhadores rurais na Constituição de 1988 e ao criar o Estatuto do Idoso e a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), que não exigem contribuição dos beneficiários.

¿ O déficit não é da Previdência Social, ele é do Brasil. É um gasto que o Brasil tem que assumir com seus pobres ¿ afirmou o presidente da República, descartando mudanças em benefícios adquiridos.

Segundo Lula, quando se consideram os trabalhadores que contribuem para o regime e os benefícios pagos, não há déficit:

¿ Mas ele (déficit) existe porque nós incluímos (na Previdência) outros agrupamentos de brasileiros dentro de um sistema. Isso é política social para ajudar as pessoas mais pobres. Se nós não fizéssemos isso, elas estariam dormindo da sarjeta ou na cadeia.

Lula citou medidas de gestão e na legislação para que os trabalhadores rurais possam passar a fazer algum tipo de contribuição para o regime. O PAC previu a criação de um fórum nacional para discutir a questão da Previdência.

¿ Tem gente que me diz que as mulheres se aposentam muito cedo e eu digo: ¿vai você mexer com as mulheres¿. Também me dizem que tem gente que se aposenta com pouco tempo de contribuição, mas tem quem começou a trabalhar com apenas 14 anos. (Deborah Berlinck e Martha Beck, enviadas especiais)

LULA DEFENDE CHÁVEZ, na página 30