Título: Presidente afirma que o caminho para a América Latina é a democracia
Autor: Berlinck, Deborah e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 27/01/2007, Economia, p. 30

DAVOS. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu ontem em defesa de seu colega venezuelano, Hugo Chávez, num debate no Fórum Econômico Mundial. Diante da insistência da moderadora, a âncora da CNN Rebecca Anderson, em saber se ele via em Chávez uma ameaça para toda a região, Lula disse:

¿ Não se preocupem com o discurso. O Chávez foi eleito três vezes por meio de um processo democrático. O caminho para a América Latina é a democracia. Com esse caminho e a integração, estaremos todos bem.

Ele acrescentou:

¿ É preciso aprender que as pessoas agem de acordo com a sua cultura. A América Latina vive um momento de tranqüilidade e paz. Eu já chamei até o México para integrar o Mercosul. A idéia é criar uma América Latina que tenha força para negociar com grandes blocos.

O presidente disse ainda que o líder da Bolívia, Evo Morales, tem todo o direito de nacionalizar o gás do seu país.

¿ O Evo Morales tem mais é que nacionalizar o gás, o gás é da Bolívia. O que a Petrobras quer é pagar um preço justo por esse gás. O México e o Brasil também não abrem mão de seu petróleo.

José Miguel Ilsulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), concordou com Lula. Ele lembrou que a Bolívia tem a pior distribuição de renda da região. E tranqüilizou a platéia sobre a ¿onda de esquerda¿ na América Latina:

¿ O estado está reassumindo o seu papel na América Latina, e nós não deveríamos confundir isso com populismo.

Calderón: corremos risco de ditaduras vitalícias

Mas o novo presidente do México, o conservador Felipe Calderón, que também participou do debate, fez questão de mostrar que não compartilha o discurso da nova esquerda latina. Ele não escondeu sua divergência com Lula:

¿ Avançar significa dar apoio à democracia e não fazer nacionalizações que empobreçam a América Latina. O problema é se a América Latina é capaz, independentemente de origens de governo, de avançar ou retroceder. E avançar significa apostar na democracia, ou vamos, se permitirmos, ter na América Latina ditaduras com personagens vitalícios.

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