Título: Vale do Rio Doce investirá US$6,3 bi este ano
Autor: Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 27/01/2007, Economia, p. 33

Orçamento, US$1,8 bilhão superior ao de 2006, é considerado o maior em expansão própria da mineradora

A Companhia Vale do Rio Doce vai investir US$6,3 bilhões em 2007, sem considerar possíveis novas compras de outras companhias. O valor é considerado o maior investimento orgânico ¿ ou seja, na expansão feita sem contar com aquisições ¿ feito pela Vale em toda sua história. O orçamento é US$1,8 bilhão superior ao executado em 2006, num acréscimo de 40%. De acordo com a companhia, os recursos são maiores também devido à CVRD Inco, a canadense produtora de níquel comprada pela Vale em 2006, cujo programa de investimentos engordou o orçamento da Vale em US$1,4 bilhão este ano.

¿ Isso mostra o bom momento da indústria. O mercado está bastante promissor e sabemos qual é a necessidade de nossos clientes a médio e longo prazo. Por isso, todos os dias rezamos para que a China não pare de crescer, porque isso se reflete em investimentos. O ano de 2007 será também de grandes investimentos no Brasil ¿ afirmou ontem Roger Agnelli, presidente da Vale.

Brasil receberá 72% dos investimentos da companhia

Os investimentos da Vale este ano cabem com tranqüilidade no caixa da empresa, afirmou Agnelli. Segundo ele, a Vale já está considerando uma redução no endividamento da companhia por conta da aquisição da Inco, mas Agnelli não quis detalhar esses números.

Do total a ser investido este ano, 72% ficarão no Brasil e os 28% restantes vão para o exterior, entre eles países da África, Canadá, Indonésia e Nova Caledônia, no Pacífico Sul.

Pela primeira vez, o segmento de minério de ferro não receberá a maior parte dos investimentos. Por áreas de negócios, o maior volume será em não-ferrosos (projetos de níquel e de cobre) com US$2,5 bilhões. Já a área de minério de ferro (ferrosos) terá US$1,6 bilhão. Segundo Agnelli, a redução do investimento em ferrosos se deve ao fato de que alguns projetos, como o de Brucutu (MG), já estão prontos.

¿ Os projetos de minério foram executados e estão em operação. Brucutu ficou pronto e agora vai gerar caixa. Em 2007, devemos produzir 302 milhões de toneladas de minério de ferro no país. De forma alguma reduzimos os investimentos em ferrosos. Os projetos de níquel são mais intensivos em capital ¿ afirmou o presidente da Vale.

Pará, que tem projetos de minério de ferro, níquel, bauxita e cobre, ficará com a maior fatia dos investimentos internos, com US$2,3 bilhões. Somente Carajás receberá US$1,8 bilhão, o que significará um aumento de produção de 30 milhões de toneladas na mina até o fim de 2008. Hoje, a produção é de cerca de 100 milhões de toneladas.

Já o projeto de Onça Puma, de produção de níquel, também no Pará, receberá US$1,4 bilhão. Agnelli considera os investimentos para produção de níquel no estado importantes frente à necessidade do mercado mundial para, assim, aumentar o equilíbrio entre oferta e demanda.

No Rio, ficarão US$240 milhões, que serão usados na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em parceria com a Thyssen Krupp, além de investimentos nas áreas de suporte às operações da mineradora.

Para Agnelli, o mercado de minério de ferro continuará forte em 2007. A China, diz ele, tem custos altos e o Brasil, por ter um volume de produção expressivo e reservas grandes, dá aos clientes garantias de abastecimento. Ele ressaltou o fato de o país ter saído na frente em investimentos em pesquisas, desde 2001.

¿ O mercado está mostrando que continua forte. Em 2007 e 2008, não vemos nenhum sinal de enfraquecimento. Para 2009 e 2010, a tendência é continuar forte, porque os países estão em crescimento e isso requer investimentos em infra-estrutura. O mundo hoje é carente de infra-estrutura e estes investimentos vão requerer muito aço. Quando o inverno chegar (ou seja, o mercado perder vigor), e não vejo data para isso, sobreviverá o mais forte ¿ disse.

A Vale tem planos de construir usinas térmicas a carvão no país. Um dos projetos em estudo será em Barcarena (PA), mas a empresa não quis informar o valor deste investimento. Agnelli afirmou que está em conversações com governos, entre eles do Ceará, para a construção de novas usinas a carvão, ressaltando que sua preocupação é assegurar que esses projetos terão tecnologia limpa e cuidado na área ambiental.