Título: Meirelles não ficou chateado, diz ministro
Autor: Beck, Martha e Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 28/01/2007, Economia, p. 31

Governo foi ousado, e programa é robusto e consistente, afirma.

DAVOS, Suíça. Depois de ter que dar explicações publicamente sobre a cobrança que fez do Banco Central (BC) em relação aos juros e ainda conceder uma entrevista ao lado do presidente do BC, Henrique Meirelles, para mostrar que não houve atrito, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ao GLOBO que fez apenas uma brincadeira e que não entende a polêmica em torno de suas declarações. Ao falar do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) a governadores, ministros e empresários, além do presidente Lula, Mantega disse: ¿O mercado projeta que os juros vão continuar caindo, viu Meirelles?¿

¿ A apresentação do PAC era muito longa e densa, eu apenas quebrei o gelo. É preciso ter um pouco de humor ¿ disse ele. ¿ Foi uma brincadeira benigna. Meirelles não ficou chateado.

Governo executou mais de 90% do PPI em 2006.

Defendendo o PAC das críticas de que é um programa tímido, Mantega disse que o governo foi ousado e que analisou outros planos econômicos, desde a administração JK até Fernando Henrique Cardoso.

¿ Examinamos o plano de metas JK, que tinha 31 projetos, dos quais apenas uma minoria foi executada. Mesmo assim, é considerado bem-sucedido. No nosso caso, são mais de 100 obras ¿ disse ele. ¿ É um plano robusto e consistente. É também o maior programa de investimentos que já vi um governo apresentar.

O ministro destacou que o Projeto-Piloto de Investimentos (PPI) será um dos protagonistas do PAC e disse, em primeira mão, que, em 2006, o governo conseguiu executar mais de 90% do PPI. Os desembolsos somaram 0,14% do PIB de um total de 0,15% previsto.

CPMF não foi incluída para `não misturar as coisas¿.

Mantega também rebateu as críticas de governadores que alegam que foram prejudicados porque terão perda de receita com as desonerações tributárias do PAC. Ele destacou que o maior impacto da desoneração para esses entes vem da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas que, no total (incluindo estados e municípios), chega a R$2,3 bilhões. Mas lembrou que os estados ganharão investimentos. O plano prevê que serão aplicados, tanto pelo governo quanto pelo setor privado, R$504 bilhões até 2010.

¿ O PAC vai gerar aumento dos investimentos nos estados.

O ministro disse ainda que o governo desistiu de incluir temas importantes para o governo no PAC, como a prorrogação da CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União) porque sabe que os temas são polêmicos e poderiam prejudicar as demais medidas.

¿ Não quisemos misturar as coisas. (das enviadas especiais)