Título: Cobra Tecnologia, em crise, prepara demissões
Autor: Borges, André
Fonte: O Globo, 07/07/2006, Empresas, p. B2

Nesta semana, funcionários da Cobra Tecnologia foram aconselhados a não contrair dívidas. O recado dado por gestores de algumas áreas da empresa prepara os ânimos para uma rodada de demissões na estatal pertencente ao Banco do Brasil.

Um fonte próxima à empresa informa que as demissões devem atingir algumas centenas dos 3,4 mil colaboradores da empresa, dos quais cerca de 90% estão ligados a contratos terceirizados.

As mudanças podem chegar ao cargo de Jorge Wilson, funcionário de carreira de BB que ocupa a função de presidente interino desde fevereiro. O executivo foi procurado para comentar o assunto, mas a Cobra informou que Wilson está em período de férias.

Em entrevista ao Valor há duas semanas, Wilson disse não saber nada sobre disputas políticas na empresa e negou qualquer tipo de desgaste ou possibilidade de deixar o cargo.

Em crise financeira desde o ano passado, a Cobra corre atrás de um aporte para dar continuidade às suas operações. No balanço de 2005, a auditoria Boucinhas & Campos + Soteconti ressaltou em seu parecer uma deficiência de capital de giro de R$ 77,5 milhões. O prejuízo foi de R$ 57,2 milhões.

No momento, a possibilidade de injetar recursos na estatal é analisada pelo BB, que evita falar sobre o assunto. No entanto, a previsão é de que uma decisão seja anunciada ainda este mês. Além de recorrer ao banco, a Cobra também está à procura de capital externo. Como a estatal tem restrições legais para tomar crédito no sistema financeiro, outra alternativa foi apelar para um fundo de investimento em direitos creditórios, criado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Estamos negociando. É mais uma forma de buscarmos capital", disse Wilson.

Enquanto o dinheiro não sai, a Cobra tenta rolar as dívidas com seus parceiros. Projetos do ano passado, como o sistema Freedows e o PC para Todos, também seguem abandonados. Apesar da crise, Wilson nega que a empresa possa se voltar apenas ao BB, deixando de atuar no mercado. A posição é endossada pelo banco, que hoje responde por cerca de 70% dos negócios da Cobra.