Título: Chunalgia foi o que mais gastou verbas extras em 2006: R$134.867
Autor: Peña, Beranrdo de la e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 29/01/2007, O País, p. 4

Fruet usou R$88.877 e Aldo, R$78.897 do limite anual de R$180 mil

BRASÍLIA. Entre os três candidatos à presidência da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi o que mais gastou, em 2006, as verbas extras, conhecidas no Congresso como indenizatórias, caixa-preta dos gastos do Legislativo. Chinaglia usou R$134.867 do limite de R$180 mil permitido aos parlamentares. O candidato tucano, deputado Gustavo Fruet (PR) gastou R$88.877. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foi o que menos gastou: R$78.897.

Levantamento do GLOBO revelou ontem que os deputados gastaram R$81 milhões com as verbas extras em 2006. Entre os parlamentares, 74 utilizaram o limite de R$180 mil permitido para reembolso de despesas com aluguel de imóveis para escritório, aquisição de material de expediente, gastos com combustíveis, contratação de consultorias e locomoção, hospedagem e estadia. A conta não inclui as despesas com salários de funcionários dos gabinetes e outros benefícios, como auxílio moradia mensal de R$3 mil ¿ para os que não querem morar nos apartamentos funcionais em Brasília ¿ e cota de passagens aéreas, que varia de R$4,1 mil a R$15,7 mil por mês, dependendo do estado de origem.

Os principais gastos de Chinaglia foram com contratação de consultoria, pesquisa e assessoria técnica (R$51.610), aluguel de imóvel para escritório (R$48.086) e locomoção, hospedagem e alimentação (R$21.997). Já Aldo teve como principais fontes de despesas R$49.268 com locomoção, hospedagem e alimentação, R$14.775 com combustíveis e R$13.803 com aluguel de imóvel para escritório. O tucano Gustavo Fruet gastou ao longo de 2006 R$34.687 com aluguel de imóvel para escritório, R$25.465 com divulgação da atividade parlamentar e R$13.650 com contratação de consultoria, pesquisa e assessoria técnica.

O fim da verba indenizatória já foi discutido na Mesa Diretora e entre os partidos na época do aumento salarial de 90%, mas é algo que encontra muita resistência, especialmente de PT, PV e PSOL. São partidos que dependem dessas verbas para tornar viável o exercício do mandato.

Aldo e Fruet defenderam ontem maior controle na prestação de contas dos gastos. Já Chinaglia, envolvido na preparação para o debate de amanhã, não comentou o assunto.

Aldo prefere a ampliação do controle do uso da verba do que a sua extinção. Ele defende medidas para evitar o uso irregular dos recursos.

¿ Sou a favor de ampliar o controle sobre os gastos da verba indenizatória ¿ afirmou, por meio de assessoria.

¿ É inacreditável como um instrumento a favor do mandato dá margem para desvirtuamentos. A Câmara não tem mais muitas chances de errar. Mas tem coisas boas que são contaminadas pela má prática ¿ lamentou Fruet.

O assunto é especialmente delicado para os três candidatos às vésperas da eleição, porque uma posição a favor do maior controle dos gastos é bem vista na opinião pública, mas pode prejudicar o desempenho do candidato entre os eleitores, os 513 deputados. O tema deve ser um dos assuntos discutidos hoje pelos três candidatos no debate promovido pela TV Câmara.