Título: Tarso Genro: mídia controlada fez destruição cruel do Poder Legislativo
Autor: Oliveira, Chico
Fonte: O Globo, 30/01/2007, O País, p. 4

Em seminário no RS, ministro diz que imprensa está impondo agenda ao país

PORTO ALEGRE. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ontem que a mídia brasileira é controlada por grupos econômicos e fez uma ¿verdadeira desmoralização¿ e uma ¿destruição cruel¿ do Poder Legislativo. O ministro participou na capital gaúcha do Seminário Reforma Política e Pacto Federativo, promovido pela Assembléia Legislativa. Para ele, a imprensa está impondo ao país a sua agenda.

¿ Impõe uma agenda que nem sempre é de interesse nacional ou republicano, mas pode ser de interesse de grupos econômicos que controlam essa mídia, que tem determinado a visão de país, de mundo.

Tarso disse que houve uma cruzada contra o Legislativo:

¿ Vou dar um exemplo: a verdadeira desmoralização a que foi sujeito o Poder Legislativo, como se erros de determinados partidos, pessoas, grupos políticos, fossem suficientes para desautorizar toda uma história, uma tradição de reforçamento do Legislativo brasileiro, eixo da transição democrática a partir de 1988. O Legislativo foi submetido a uma destruição cruel, a ponto de os deputados, senadores, estivessem ou não envolvidos em irregularidades, se sentirem constrangidos de aparecer em público, pelo simples fato de exercer mandato.

Acordo para não depender da ¿grande mídia¿ de SP e RJ

Ele alertou para o risco de a agenda da reforma política vir a ser imposta pela mídia:

¿ É necessário que se faça uma reflexão, sob pena de que a agenda da reforma não venha da sociedade, mas apenas dos poderes midiáticos, que detêm poder de multiplicar a informação, informar, e que devem fazê-lo e cujo direito deve ser sagrado.

O ministro propôs que as correntes políticas gaúchas cheguem a um acordo sobre as reformas política e tributária para evitar dependência da ¿grande mídia¿ do Rio e de São Paulo. Citou como exemplo da dependência os dados sobre o acidente no metrô de São Paulo.

¿ A gente não sabe quem é o culpado, quem ocasionou, por que fez, o que houve, por que o estado não fiscalizou. Qual é o interesse do tipo de informação a respeito disso? É o interesse da preservação da elite política de uma região, um estado, uma visão de país, que não é necessariamente a nossa visão.

Após a palestra, Tarso disse que não quis criticar a imprensa. Destacou que as informações e a investigação das CPIs pararam quando ¿começaram a apurar outras responsabilidades¿, mas não esclareceu quais:

¿ Houve uma informação unilateral, equivocada, como se aqueles que erraram representassem a instituição. É a sensação que a população tem. Quando as CPIs chegaram ao fundo do poço, começaram a apurar outras responsabilidades, elas pararam de investigar. E as denúncias também pararam .

Perguntado sobre o que teria feito a imprensa, a seu ver, de forma distorcida, disse:

¿ A forma desigual com que a imprensa tratou a identificação de parlamentares do meu partido com erros e ilegalidades e a forma condescendente com que tratou a relação de outros parlamentares, de outros partidos, com fatos tão ou mais graves como aqueles que envolveram o mensalão.