Título: Petistas evitam discutir destino dos aloprados
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 30/01/2007, O País, p. 5

É um assunto de importância menor. Temos questões mais concretas para tratar¿, diz líder do PT na Câmara

BRASÍLIA. Na primeira reunião da executiva nacional do PT, depois de o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) ter reassumido a presidência do partido, os petistas evitaram pôr em pauta temas polêmicos ¿ como o destino dos ¿aloprados¿ envolvidos na compra de um dossiê contra tucanos. O assunto não entrou na pauta oficial.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), saiu da reunião no intervalo e confirmou que o tema não seria discutido.

¿ É um assunto de importância menor. Temos questões mais concretas para tratar ¿ disse Fontana, acrescentando que os envolvidos estão com suas filiações partidárias suspensas.

Ao contrário do que disse Fontana, as filiações ainda não estão suspensas. A idéia inicial era abrir, na comissão de ética do partido, um procedimento sobre o destino dos petistas Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, envolvidos no escândalo do dossiê.

Petistas amenizam críticas ao presidente do BC

Na reunião, os dirigentes petistas mais alinhados ao Planalto amenizaram também as críticas à política de juros e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. E disseram que, provavelmente, o documento da executiva não abordará essa questão.

¿ O importante é que estamos em processo de queda (dos juros). Não temos que fulanizar esse debate ¿ disse Fontana.

Segundo o líder, a discussão central da reunião foi o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outros assuntos tiveram destaque, como a eleição para a presidência da Câmara, sobretudo depois das declarações de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Durante o debate de ontem entre os três candidatos, o atual presidente da Casa, que disputa a reeleição, disse que o PT não pode concentrar muito poder no Executivo e também no Legislativo. A declaração irritou os petistas. Esse foi o primeiro assunto tratado pelos membros da executiva do partido.

Em relação ao PAC, os petistas estão preocupados com sua repercussão política. Governadores têm criticado as obras propostas pelo governo federal, argumentando que não foram discutidas nos estados. Além disso, empresários também sentiram falta de um ajuste fiscal.

Na avaliação dos petistas, é preciso que o governo saiba transmitir o conteúdo do programa à população. Eles também querem providenciar uma divulgação para os militantes.

A executiva também se debruçaria sobre um dos problemas que acompanham o partido desde que Lula venceu a eleição para a Presidência, em 2002: a relação do partido com o governo. A legenda está preocupada em perder espaço para os novos aliados do Palácio do Planalto. O último ponto da pauta era a discussão sobre a organização do 3º Congresso do PT, previsto para julho deste ano, e que terá poder para alterar o estatuto, reduzir o mandato do presidente e definir estratégias para as próximas disputas eleitorais do PT.