Título: DRT embarga obra do metrô em SP
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 31/01/2007, O País, p. 8

Medida proíbe retomar escavações por falta de segurança para trabalhadores

SÃO PAULO. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) em São Paulo, subordinada ao Ministério do Trabalho, determinou ontem o embargo parcial das obras na estação Pinheiros da Linha 4 do metrô. Depois de quatro inspeções à obra desde o desmoronamento, no dia 12, a DRT-SP constatou risco para os trabalhadores. Só trabalhos de contenção e reforço na cratera estão liberados. O embargo será suspenso quando o consórcio Via Amarela apresentar um novo plano de trabalho e informações solicitadas pela DRT-SP.

- O tempo depende deles (Via Amarela) - disse o delegado Márcio Chaves Pires.

Na prática, a medida proíbe apenas a retomada das obras de escavação, paradas desde o acidente que matou sete pessoas. As empreiteiras prevêem retomar as escavações depois que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) concluir o laudo sobre o desmoronamento.

- Estamos evitando que as obras sejam retomadas imediatamente - disse o delegado.

A DRT-SP criou uma força-tarefa para fazer investigação paralela. Enquanto auditores da DRT embargavam a obra, o delegado regional se reunia com representantes do Sindicato dos Metroviários, que pediam a interdição da estação Pinheiros. Pires negou que os fatos estejam relacionados.

- O embargo é uma decisão técnica e aconteceu antes da reunião com os metroviários.

O delegado e o sindicato são ligados ao PT. Pires foi vereador, secretário municipal e vice-prefeito de Mauá pelo partido. Um representante da CUT presenciou a notificação do embargo. O delegado negou que a decisão tenha motivação política.

- É procedimento de praxe. Uma série de medidas de segurança foram tomadas graças a demandas da DRT.

Das sete vítimas do acidente, apenas o motorista de caminhão Francisco Sabino Torres trabalhava na obra.

Relatório feito por um dos engenheiros responsáveis pela obra em reunião da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) confirma dois dados divulgados extra-oficialmente: o projeto original foi alterado em função de diferenças no terreno e duas explosões foram feitas no túnel poucas horas antes do desabamento.

Gerente é afastado

Engenheiro é investigado pelo Ministério Público

SÃO PAULO. O engenheiro Marco Antonio Buoncompagno, gerente de construção da Linha 4 do Metrô, se afastou temporariamente do cargo ontem. Buncompagno é investigado pelo Ministério Público por participação em um esquema de contratações públicas ilegais com a empreiteira Andrade Gutierrez, que lidera o consórcio Via Amarela. Segundo nota, Buncompagno pediu afastamento para dar transparência à investigação. O pedido foi aceito pela direção do Metrô. O Ministério Público investiga a liberação de aditivos irregulares de até 46% na construção das linhas 1 e 2 do Metrô durante o governo Orestes Quércia (1987-1991). A Andrade Gutierrez e a Mendes Jr. teriam repassado serviços à Engemab, empresa de Buoncompagno.