Título: Cúpula tucana quer forçar anúncio de apoio a Aldo num segundo turno
Autor: Camarotti, Gerson e Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 01/02/2007, O País, p. 4

Acordo para ocupar espaço na Mesa pode levar PSDB a votar em Chinaglia

BRASÍLIA. Preocupada com a imagem do partido, a cúpula do PSDB voltou a agir ontem nos bastidores. O objetivo é impedir que o partido faça um acordo informal para liberar a bancada tucana, num eventual segundo turno na disputa pela presidência da Câmara. Essa posição favoreceria o petista Arlindo Chinaglia (SP). Com a avaliação de que o candidato do partido, Gustavo Fruet (PSDB-PR), não terá votos suficientes para ir ao segundo turno, os dirigentes tucanos entraram pela noite de ontem numa articulação para tirar do partido uma declaração de apoio ao deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição, assim que for anunciado o resultado da votação em primeiro turno.

Os tucanos não querem ser responsabilizados por uma eventual vitória do petista, e muito menos que isso esteja associado à obtenção do cargo de primeiro vice-presidente da Câmara, vaga cedida pelo PT na distribuição dos cargos da Mesa. No início da tarde, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), conversou sobre o assunto com os principais líderes do partido.

Partido pode ser o fiel da balança no segundo turno

Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique foi consultado. O PSDB avalia que a sua bancada de 58 deputados será o fiel da balança no segundo turno. O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que deverá substituir Tasso na presidência do partido no fim do ano, atuou fortemente na bancada para livrar o partido de um conchavo com os petistas.

Até o início da noite, porém, a informação do líder da bancada na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), era de que a bancada será liberada num eventual segundo turno na Câmara.

O partido ainda está traumatizado com o episódio que culminou num apoio precipitado da bancada ao petista, no início de janeiro. Para resolver a crise, o PSDB teve que voltar atrás e lançar a candidatura de Fruet. Apesar de as chances do tucano serem remotas, os principais caciques do partido evitam admitir isso publicamente.

Outro fantasma que ronda o PSDB foi a posição do partido na eleição da presidência da Câmara em 2005, que acabou favorecendo a eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para o comando da Casa.

¿ Estão falando em deixar a bancada livre. Mas amanhã (hoje) vamos fechar questão em apoio ao Aldo ¿ disse o novo deputado Paulo Renato (PSDB-SP), fiel aliado e ex-ministro do governo Fernando Henrique.

Mas essa não será uma tarefa fácil. Pannunzio foi enfático ao afirmar que liberaria a bancada, na hipótese de Fruet não ir para o segundo turno. Pannunzio alega que, na consulta informal feita pela bancada em janeiro, Chinaglia teve a maioria dos votos. A liberação seria uma forma de os tucanos, de alguma maneira, cumprirem o acordo firmado com o PT pelo ex-líder Jutahy Magalhães Junior (BA).

¿ Não há motivo para introduzir um elemento divisor na bancada por causa de duas candidaturas da base governista. Vamos ter que liberar a bancada para que cada deputado faça a sua escolha. Por isso, não haverá indicação ¿ afirmou Pannunzio.

A cúpula do PSDB já identificou que o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), candidato a primeiro vice-presidente, quer manter o acordo com o PT, que cedeu a vaga para o PSDB. Essa negociação sem o aval do comando tucano, tem o apoio dos paulistas ligados ao governador José Serra.