Título: Agripino luta para minar favoritismo de Renan
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 01/02/2007, O País, p. 5

Candidatos foram surpreendidos com boato, já desmentido, de que o petista Delcídio Amaral entraria na disputa

BRASÍLIA. Num clima bem diferente do instalado na Câmara, o Senado empossa hoje às 10h os 27 parlamentares eleitos em outubro e em seguida elege seu novo presidente. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa e candidato à reeleição, é considerado favorito na disputa contra o líder do PFL, Agripino Maia (RN). Mas a intensificação da campanha de Agripino nas últimas horas, que garantiu o engajamento da cúpula tucana e o apoio declarado de peemedebistas como Jarbas Vasconcelos (PE), poderá produzir uma briga equilibrada na reta final, especialmente porque a votação secreta possibilita traições de lado a lado.

Pelas contas de Agripino, ele tem 37 votos e Renan, 37. Os sete restantes estariam divididos. Já o grupo de Renan estima que ele será reeleito com 47 ou 48 votos. A vitória será garantida ao que obtiver 41 votos, no mínimo.

No meio da tarde de ontem, rumores de que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) se lançaria como candidato alternativo surpreenderam tanto Renan quanto Agripino. A assessoria do petista chegou a confirmar que a idéia teria surgido depois de uma conversa dele com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), em razão das resistências de alguns pefelistas e tucanos em votarem em Agripino. Entre os insatisfeitos, de acordo ainda com a assessoria de Delcídio, estaria o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que descartou essa possibilidade.

¿ Eu voto com o meu partido. Não voto para perder, embora goste do Delcídio ¿ afirmou Antonio Carlos.

Bornhausen também se apressou em negar apoio a uma candidatura alternativa:

¿ Essa articulação simplesmente não existe.

O fato de Delcídio ter se reunido à tarde com Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) alimentou a boataria. A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que pela manhã comandara reunião da bancada que confirmou apoio a Renan, checou a notícia com o chefe de gabinete do colega, que então negou a hipótese.

¿ Isso é conversa fiada de última hora. O jogo já está jogado e não há mais o que fazer, a não ser votar ¿ reagiu Agripino.