Título: Grevistas tomam gabinete de secretário em AL
Autor: Ferreira, Arnaldo
Fonte: O Globo, 01/02/2007, O País, p. 8

Professores rejeitam proposta do governo de pagar de forma parcial e escalonada o reajuste do ano passado

MACEIÓ. Em greve há três semanas, os professores e servidores da educação em Alagoas invadiram ontem à tarde o prédio da secretaria, no Centro de Maceió, expulsaram o secretário Fabio Farias de sua cadeira e acamparam no gabinete dele. A ação aconteceu depois que os policiais civis e os servidores da Saúde decidiram suspender a greve de duas semanas contra o decreto do governo estadual que suspendia o pagamento de reajustes salariais, concedido ao funcionalismo no ano passado.

Os servidores, exceto os da educação, decidiram voltar ao trabalho depois que o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) editou um novo decreto mantendo o pagamento dos reajustes das categorias. O decreto, porém, dava aos integrantes do magistério público estadual apenas 44,5% do reajuste, e assim mesmo de forma escalonada, em três parcelas.

Governador diz que proposta foi negociada

Em seu site, o governo estadual apresentou o novo decreto ¿como resultado da negociação com os servidores¿.

¿ Apresentei aos professores como proposta, além do pagamento dos 22%, mais 15%, sendo 5% em folha complementar relativa a dezembro, 5% na folha de janeiro e mais 5% na folha de fevereiro, e em maio mais 7,5%, alcançando assim o patamar de 44,5% ¿ disse Teotônio, em entrevista.

A proposta não agradou aos servidores da Educação. Eles realizaram uma assembléia, rejeitaram a proposta e saíram em passeata pelas ruas do Centro de Maceió. Foi quando decidiram invadir o prédio da Secretaria da Educação. O secretário Fabio Farias ainda tentou conversar com os grevistas.

Mas não houve acordo. Ao perceber professores exaltados, cobrando o pagamento integral do reajuste ganho ano passado, Farias foi embora às pressas. A sala ficou ocupada pela direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas.

A invasão aconteceu por volta das 17h (18h de Brasília). Toda a ação foi acompanhada de perto pelo deputado estadual Paulo Fernando dos Santos (PT):

¿ Os professores querem apenas que o estado cumpra a Constituição. O novo decreto é pior que o primeiro, porque mantém corte de direitos garantidos por uma lei aprovada na Assembléia Legislativa. Um decreto não pode ser maior que uma lei ¿ frisou o deputado, referindo-se ao decreto legislativo aprovado anteontem pelos deputados, derrubando o corte de reajustes determinado pelo governador.

A disposição dos professores de se manter em greve em pleno período de renovação matricula dos 600 mil estudantes das escolas estaduais ficou evidente na declaração da presidente do sindicato da categoria, Girlene Lázaro:

¿ Só vamos sair da secretaria depois que o governo nos devolver os nossos direitos ¿ advertiu ela.

A assessoria de imprensa do governo estadual informou que o governador vai continuar negociando com os grevistas. Mas estuda também entrar na Justiça com uma ação de reintegração de posse da secretaria.