Título: EUA cresceram 3,5% em 2006 e inflação recuou
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Fonte: O Globo, 01/02/2007, Economia, p. 28

Fed mantém juros em 5,25%. No Brasil, dólar atinge a menor cotação em 4 meses: R$2,124

WASHINGTON, NOVA YORK e RIO. A economia dos Estados Unidos cresceu num ritmo mais forte do que o esperado no último trimestre de 2006, influenciada por um aumento nos gastos e pela inflação em baixa, o que compensou o recuo de 19,2% nos investimentos residenciais, o maior em 15 anos. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 3,5% no período, bem acima das projeções dos analistas (3%). No ano passado, o PIB cresceu 3,4% e, em 2005, a expansão foi de 3,2%.

Já o índice de gastos pessoais - PCE, na sigla em inglês -, que orienta as decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), caiu 0,8% no último trimestre de 2006.

Inflação tem maior queda dos últimos 52 anos

Segundo o Departamento de Comércio, a queda se deveu à forte baixa nos preços de energia. Foi o maior recuo desde o terceiro trimestre de 1954, quando o PCE ficou em 1,2%. O resultado surpreendeu analistas, que esperavam alta de 1,9%.

O núcleo do índice, que exclui os preços de alimentação e energia, mais voláteis, avançou 2,1%, pouco acima da chamada faixa de conforto do Fed, que é de uma inflação entre 1% e 2%. O resultado animou o mercado financeiro, que esperava uma alta de 2,2%.

O Fed decidiu ontem manter a taxa básica de juros estável em 5,25% pela quinta vez consecutiva. A decisão, já esperada pelos investidores, foi unânime. Em comunicado, o BC americano afirmou que continua se concentrando nos riscos de inflação e que optou por não elevar os juros para conter as pressões sobre os preços.

"A extensão e o momento de qualquer alta adicional que seja necessária para lidar com esses riscos vão depender da evolução das perspectivas tanto da inflação como do crescimento econômico", afirmou o Fed no comunicado. "Em geral, a economia deve crescer em ritmo moderado nos próximos trimestres".

- O Fed reconhece que a economia melhorou modestamente e que a inflação perdeu um pouco de força - disse Tom Sowanick, vice-presidente de investimentos do Clearbrook Financial.

O crescimento da economia dos EUA além do esperado e a inflação menor animaram os mercados. O índice Dow Jones avançou 0,79% e o Nasdaq, 0,62%. No Brasil, a decisão do Fed levou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a uma alta de 1,36%. O mercado chegou a especular, na semana passada, que o BC americano poderia elevar os juros a curto prazo. Com a manutenção da taxa, aplicações em ativos considerados mais arriscados, como os de países emergentes - caso do Brasil e do México, por exemplo - mantêm sua atratividade para os investidores estrangeiros, que buscam ganhos mais elevados.

Bolsas de NY e de Tóquiocriarão produtos em parceria

Neste cenário, o dólar caiu 0,38%, encerrando os negócios a R$2,124, a menor cotação desde o dia 4 de setembro do ano passado (R$2,120). O risco-Brasil avançou 0,53%, para 190 pontos centesimais.

As bolsas de Nova York (Nyse) e de Tóquio formaram uma parceria para o desenvolvimento de produtos financeiros e tecnologia, que pode levar a uma eventual união dos dois maiores mercados financeiros do mundo. O anúncio foi feito ontem em Nova York pelos presidentes da Nyse, John Thain, e da Bolsa de Tóquio, Taizo Nishimuro. Para a Nyse, isso também significa uma abertura para o Pacífico. (Patricia Eloy, com agências internacionais)