Título: Lan empresta US$17,1 milhões à nova Varig
Autor: Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 01/02/2007, Economia, p. 29

Crédito pode ser convertido em ações da companhia brasileira. Fontes afirmam que chilena vai comprar a empresa

RIO e BRASÍLIA. A Lan Airlines divulgou ontem um aporte de US$17,1 milhões na nova Varig. De acordo com a Lan, há a opção de converter o empréstimo em ações da nova Varig, o que faria com que a empresa chilena - que tem subsidiárias na Argentina, Peru e Equador - tivesse uma participação minoritária na aérea brasileira. De acordo com fontes do setor, no entanto, a intenção da Lan vai além, e a empresa pretende comprar a nova Varig do fundo americano Matlin Patterson, que adquiriu, no meio do ano passado, a companhia em leilão.

Logo após o anúncio feito pela Lan, a Varig confirmou negociações com a empresa chilena, que, no momento, não faz parte do capital da companhia. Em nota, a nova Varig informou que "este é o início do namoro entre duas grandes empresas da aviação civil". A operação aumenta os rumores de que a Varig, que saiu da Star Alliance, vai integrar a aliança internacional de empresas aéreas One World, da qual a Lan faz parte. A parceria enfraqueceria a Star Alliance na América Latina.

Para fontes que acompanham o setor, esta é a segunda tentativa da Lan de entrar no mercado brasileiro. A primeira foi há dois anos, quando tentou adquirir 20% da TAM. Para uma das fontes, a possível entrada da Lan com a compra da Varig deixaria a empresa com força para brigar em pé de igualdade com TAM e Gol. Atualmente, a Lan está no Brasil por meio de sua empresa de carga ABSA (Aerolíneas Brasileiras S/A).

A entrada da Lan na Varig não tiraria do mercado o nome da companhia brasileira, afirma a fonte. O mesmo não aconteceu em outras aquisições da Lan. A venda da Varig pode estar de fato próxima de acontecer, diz a fonte, já que o fundo Matlin Patterson, seu principal acionista, conseguiu melhorar a situação da empresa após a compra em leilão, em julho do ano passado. A homologação da nova Varig, a eliminação da sucessão trabalhista e a manutenção dos slots (autorizações de pouso e decolagem) no aeroporto de Congonhas, um dos mais disputados do país, já fazem da Varig uma empresa em condições de venda.

Anac não recebeu pedido de entrada de sócios na Varig

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou ontem que não recebeu qualquer pedido oficial para entrada de novos sócios, com ou sem aporte de capital estrangeiro, na nova Varig. A agência também não recebeu pedido de alteração de atos constitutivos por empresas nacionais ou estrangeiras. Todo pedido protocolado será analisado pelo corpo técnico da Anac, respeitando o limite de 20% de capital estrangeiro, de acordo com a legislação brasileira.