Título: Caracas expande poderio militar
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 02/02/2007, O Mundo, p. 32

Relatório britânico afirma que Venezuela envia armas à Bolívia

WASHINGTON. O governo de Hugo Chávez, na Venezuela, não só vem se fortalecendo militarmente, como está financiando a construção de bases militares e enviando armas para a Bolívia. É o que afirma um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), com sede em Londres, apresentado ontem em Washignton. Denominado "O balanço militar" e divulgado anualmente pelo IISS, o documento de 2007 mostra que a Venezuela dispõe de 100 mil novos fuzis AK-103 Kalashnikov e 18 helicópteros militares comprados da Rússia; e três novos radares de defesa aérea, adquiridos da China. Segundo Christopher Langton, que chefiou o levantamento, "a compra de armamento excede as necessidades do país":

- E, dada a quantidade de armas compradas pela Venezuela, e suas estreitas relações com a Bolívia, que sofre vários problemas internos e expressa o desejo de aumentar seu poderio militar, deve considerar-se como lógico e real um intercâmbio extra-fronteiriço de armas.

O documento diz que a Venezuela está construindo um porto sobre o Rio Paraguai e uma base militar em El Prado, perto da fronteira da Bolívia com o Brasil, com capacidade para comportar 2,5 mil soldados. Os custos do projeto são de US$47 milhões, segundo o relatório. Além disso, as Forças Armadas bolivianas também receberam de Chávez fuzis AK-103 e dois helicópteros Cougar, que são operados por soldados venezuelanos.

Os helicópteros - cujo envio à Bolívia já haviam sido noticiados pela imprensa - seriam usados pelo presidente Evo Morales e por seu vice, Alvaro García, para viagens domésticas. O relatório lembra que um acordo militar bilateral, feito entre Morales e Chávez, já previa o envio de efetivos militares venezuelanos à Bolívia "em tempos de crise" e ajuda financeira da Venezuela para a construção de bases militares. Mas faz uma crítica velada a Morales, que "não detalha quantos soldados venezuelanos encontram-se em seu território" e diz que "os estrangeiros fazem trabalho humanitário".

- As informações se baseiam nas condições políticas e na aspiração de Chávez de consolidar sua revolução bolivariana - disse Langton.

Chávez alerta EUA sobre riscos de guerra com o Irã

Ontem, Chávez voltou a criticar os EUA, alertando o país que uma eventual ofensiva militar contra o Irã - "um dos maiores aliados da Venezuela no Oriente Médio" - desencadearia um conflito armado que "empalideceria a guerra no Iraque".

- Os EUA continuam ameaçando qualquer país que deseja ser livre - declarou Chávez, a quem os EUA consideram uma "força desestabilizadora na América Latina".