Título: Democratas e republicanos unidos contra Bush
Autor:
Fonte: O Globo, 02/02/2007, O Mundo, p. 33

Senador do partido do presidente redige proposta contrária ao envio de mais soldados para a guerra no Iraque

WASHINGTON. Democratas e republicanos estão se unindo no Senado dos Estados Unidos para votarem juntos uma resolução contrária ao aumento no número de soldados para o Iraque. Uma grande parcela do próprio partido de George W. Bush pode votar contra o presidente, na que seria a primeira derrota da Casa Branca no Congresso desde o início da guerra.

Vários senadores democratas, que haviam conseguido a aprovação, na comissão de Relações Exteriores, de uma proposta de resolução que afirmava que o envio de mais 21,5 mil soldados para o Iraque era "contrário aos interesses nacionais dos EUA", optaram por apoiar a nova proposta. Com uma redação menos forte, ela tem mais chance de conseguir o apoio de republicanos desgostosos com as políticas de Bush para o Iraque.

- O ponto principal de nossas propostas é o mesmo: senhor presidente, não envie mais americanos para o meio de uma guerra civil - disse o senador democrata Joseph Biden, presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado.

Uma das principais diferenças entre as duas propostas é o financiamento das tropas. Os democratas queriam que o Senado se recusasse a aprovar mais dinheiro para os soldados extras, mas Warner convenceu muitos deles que isso poderia prejudicar as tropas, e ainda ser usado pela Casa Branca para acusar o Congresso de não apoiar os militares.

Em todos os casos, a medida será não-vinculante. Ou seja, o governo não é obrigado a obedecê-la. Mas, na política americana, tal ato é considerado embaraçoso para a Casa Branca.

- Foi muito trabalhoso, e ainda não acabou - disse Warner.

O senador republicano se referia ao fato de ser necessário o apoio de 60 congressistas. O Senado americano tem cem integrantes, e cada partido tem 49 senadores, além de dois independentes que votam com o Partido Democrata. Mas, para evitar que aliados do governo entre os senadores republicanos utilizem medidas protelatórias para evitar que a resolução seja votada, os críticos de Bush precisam de três quintos do Senado.

O "New York Times" diz que seis senadores republicanos já apóiam a resolução de Warner. Mas alguns senadores democratas, como Russel Feingold, avisam que não apoiarão a nova resolução por considerá-la demasiadamente tímida.

Na Câmara dos Representantes, deputados já se preparam para votar uma resolução semelhante. Mas a presidente da Casa, Nancy Pelosi, já afirmou que colocará em votação em breve uma resolução vinculante, que obrigaria o governo a diminuir o número de soldados no Iraque. Na Câmara, os democratas têm grande maioria.

- Acredito que haverá iniciativas no plenário e conseguiremos uma redução drástica no número de tropas (no Iraque) este ano - disse Pelosi.

No Iraque, atentados mataram mais de 60. O mais mortal ocorreu na cidade de Hilla, onde dois homens-bomba detonaram explosivos e mataram 45 pessoas numa feira livre. Em Bagdá, a explosão de um carro-bomba e de um miniônibus mataram 12 pessoas em bairros xiitas. Morteiros disparados contra o bairro sunita de Azamiyah mataram pelo menos cinco pessoas.