Título: PT comemora fim de rejeição ao partido
Autor: Franco, Ilimar e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 03/02/2007, O País, p. 3

Petistas festejam eleição de Chinaglia com peemedebistas que foram da tropa de choque de FH

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. O clima era de alívio na festa feita pelo PT para comemorar a vitória do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara. O susto com o resultado apertado da eleição ¿ apenas cinco votos a mais do que o necessário ¿ marcou o tom do encontro, num clube de Brasília. Visivelmente cansado, mas demonstrando intensa alegria, Chinaglia brindou com os companheiros, inclusive os mensaleiros paulistas, com uísque. O evento serviu como um novo ¿début¿ para políticos envolvidos em escândalos recentes e marcou o fim do luto da ex-tropa de choque do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no PMDB, que fez oposição ao governo do PT até ano passado e agora está totalmente integrada ao grupo.

Os petistas ainda estavam impressionados com o que classificaram de ¿rejeição ao PT¿. Em todas as rodas, a surpresa com o placar da votação. Dizia-se que a vitória de Chinaglia era a primeira do partido no Congresso depois de quatro anos ¿ o PT já havia perdido a eleição para a Mesa da Câmara em 2005, além de não conseguir aprovar dois petistas para a vaga de ministro do TCU.

¿ O esporte favorito na Câmara passou a ser a caça aos petistas ¿ desabafava o deputado Tarcisio Zimmermann (PT-RS), numa roda de petistas aliviados com o ¿fim da seca¿.

Na mesa de honra da festa, estavam vários petistas citados no escândalo do mensalão, como os deputados João Paulo Cunha, José Mentor, e o ex-deputado Professor Luizinho, todos do PT paulista, além do ex-deputado José Borba (PMDB-PR). Logo depois da meia-noite, chegou ao clube o ex-ministro da Fazenda e deputado Antonio Palocci (PT-SP) que, depois de Chinaglia, foi o mais assediado por militantes e assessores petistas para fotos. Também prestigiou o evento o presidente do PT, Ricardo Berzoini.

Em outra mesa, os peemedebistas que integraram a base do governo tucano estavam muito à vontade na festa petista. Foram os primeiros a chegar e também não escondiam o espanto com o resultado da eleição. O deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), ex-ministro dos Transportes de Fernando Henrique, era um dos mais entrosados com os petistas. Ao lado dele, os deputados Michel Temer (PMDB-SP) e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Ao ver este último, Chinaglia deu um abraço afetuoso, no estilo velhos amigos:

¿ Amigo, você foi meu comandante nesta campanha.

Os peemedebistas só estranharam o estilo modesto da festa petista, promovida pelo deputado Candido Vaccarezza (PT-SP). Bem diferente do estilo tucano, quando as festas em Brasília eram regadas a champanhe e vinhos importados, a noite petista foi marcada por cerveja, refrigerante, uísque e espumante. O grupo do PMDB também evitou comer os croquetes e frituras servidas na festa. Depois partiram para jantar num badalado restaurante de Brasília.

O som da noite petista foi marcado pela música de Jorge Mautner.

Antes de comemorar a reeleição para a presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) fez questão de dar um abraço no seu conterrâneo derrotado na disputa da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Por volta das 22h, Renan passou no gabinete da presidência da Câmara, onde Aldo, emocionado, recebia a solidariedade de um grupo de aliados.

Logo depois, Renan participou de um concorrido jantar em homenagem ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), que assumiu anteontem seu quinto mandato de senador. No jantar, que acabou se transformando numa comemoração de todo o PMDB, Renan acabou esbarrando com vários representantes da oposição que coordenaram a campanha de seu adversário na disputa do Senado, José Agripino (PFL-RN), como o tucano Arthur Virgílio (AM) e os pefelistas Antonio Carlos Magalhães (BA) e Heráclito Fortes (PI).

Colaborou Adriana Vasconcelos