Título: PT ganhou espaço e salto alto
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 03/02/2007, O País, p. 8

Passada a disputa pelo comando da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agora, diante de si, um intrincado quebra-cabeça para montar. Como contemplar, sem provocar ciúmes, o amplo leque de aliados que compõem a base governista e, assim, manter a coesão da base governista? Será essa a questão central sobre a qual Lula terá que se debruçar, na avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO.

¿ A escolha para a presidência da Câmara deu poder demais ao PT. O partido começa a ficar de salto alto de novo. Mas ele (o presidente) também vai ter que abrir espaço para o PMDB. É um quebra-cabeça que ele terá que montar ¿ afirma o cientista político David Fleischer, da UnB, para quem o presidente terá que articular com os governadores o apoio das bancadas, ns votações importantes para o governo federal.

Para o cientista político Ricardo Ismael, professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC/RJ, há conflitos na coalizão montada pelo presidente.

¿ A disputa para a presidência reflete um racha na base governista. Há, por exemplo, uma preocupação do PCdoB e do PSB com o espaço que terão na composição deste segundo mandato. E uma troca de cotoveladas entre o PT e o PMDB. Vai ter briga nos ministérios, em busca de visibilidade ¿ afirma o cientista, para quem Lula esperou o resultado da sucessão na Câmara para compor o novo Ministério.

Coordenador da pós-graduação em ciência política da UFF, Eurico Figueiredo diz que o Lula perdeu mais do que ganhou com a escolha de Arlindo Chinaglia para o comando da Câmara:

¿ Por um lado, o Executivo, que tem amplo apoio dos partidos, terá conforto maior no encaminhamento dos processos. Por outro, é obrigado a dar contrapartida disso, com benesses. Essa governabilidade tem preço. Essa eleição não foi boa para o presidente. Se o Aldo tivesse ganhado, ele não teria que fazer tantos favores ao PT.