Título: Vamos preservar uma relação de independência com o PT
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 03/02/2007, O País, p. 8

Aldo diz que não guarda mágoas e que bloco de esquerda não representa ameaça ao governo

Isabel Braga

BRASÍLIA. Ele garante que não guarda mágoas ou ressentimento da disputa pela presidência da Câmara. Ontem, esteve na sessão de abertura dos trabalhos e destacou que os partidos do bloco criado para apoiar sua candidatura ¿ PSB-PDT-PCdoB-PAN-PMN ¿ não são uma ameaça ao governo. O ex-presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP), afirmou, entretanto, que o espírito do bloco é diferenciar-se do PT.

¿ Criamos um eixo político para nos diferenciarmos do PT. Haverá independência, mas isso não significa nenhuma ameaça. Todos integramos a base do governo. Vamos preservar uma relação de independência com o PT ¿ disse Aldo.

A atuação deste bloco mais à esquerda já se mostrará na votação dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo Aldo, o bloco irá atuar para aperfeiçoar os projetos e ajudar o governo. Mas tem por propósito também disputar prefeituras, governos e até mesmo tentar viabilizar uma candidatura à Presidência em 2010.

Embora negue mágoas com o PT e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os que o acompanharam nessa jornada criticam o que chamaram de ação em favor da candidatura petista, como ligações do Planalto para deputados que estavam com Aldo. Em conversas com os aliados, Aldo teria afirmado que a ação do Planalto, na reta final, aconteceu até porque uma vitória dele seria um desprestígio para as cúpulas dos outros partidos que apoiavam o petista.

Petistas tiveram o cuidado ontem de ligar para Aldo, para solidarizar-se com ele e reconhecer o bom desempenho de sua candidatura ¿ foram 243 votos contra os 261 obtidos pelo novo presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Além do presidente Lula, que ligou na noite de anteontem, logo após o resultado, Aldo recebeu telefonemas do próprio Chinaglia, de Gilberto Carvalho e do senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Os presidentes de outros partidos, inclusive o do PSDB, Tasso Jereissati (CE), também telefonaram.

Aldo visitou o comitê de imprensa ontem, para despedir-se dos jornalistas que fazem a cobertura diária da Câmara. Ele poderia, como ex-presidente, optar por um dos gabinetes maiores e mais próximos do plenário. Mas decidiu retomar o seu antigo, o 924, no nono andar do Anexo IV.

Sobre uma possível ida para o novo Ministério de Lula, Aldo é categórico:

¿ Quem decide isso é Lula, mas saindo da disputa como sai, enfrentando o PT, não julgo adequado integrar o ministério.