Título: Apertando o passo para chegar bem nos EUA
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 04/02/2007, Economia, p. 37

Casado com americana naturalizada brasileira, diplomata carioca é amante de trilhas e longas caminhadas.

Eliane Oliveira

BRASÍLIA. Descendente de um herói brasileiro na Guerra do Paraguai, do qual herdou o sobrenome, pode-se dizer que o novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Antonio Patriota, tem larga experiência no relacionamento com aquele país. É casado há mais de 25 anos com Tânia, uma americana naturalizada brasileira, com quem tem dois filhos e que, hoje, está no Haiti, onde ficará por dois anos. Patriota assumirá um dos postos mais cobiçados pela diplomacia brasileira e um dos mais difíceis, dado o grande leque de temas que envolve.

¿ É preciso ser polivalente para representar o Brasil em Washington ¿ diz Patriota, filho e irmão de diplomatas.

A missão confiada a ele pelo chanceler Celso Amorim é estreitar o relacionamento político e encontrar maneiras de aumentar o acesso das exportações brasileiras ao mercado americano, fechado a produtos como suco de laranja e aço. O governo brasileiro também passou a ser um interlocutor importante quando o assunto é América do Sul. Por ser o maior país da região, o Brasil é sempre demandado pelos EUA para dar informações ou mediar conflitos envolvendo, por exemplo, o polêmico presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Exímio pianista, buscará afinação na Reforma da ONU

Outras prioridades são a Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), e a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

É a primeira vez que Patriota assume um posto como embaixador do Brasil mas, garantem seus colegas, o diplomata tem larga experiência em temas multilaterais. Seu último cargo no Brasil, de subsecretário para Assuntos Políticos do Itamaraty, abrange termas como política, direitos humanos, meio ambiente e segurança.

¿ Eu o escolhi por sua competência. É uma pessoa ativa e inteligente, capaz de solucionar problemas com criatividade ¿ diz o chanceler Celso Amorim.

Patriota, que é visto com frequência fazendo ginástica na hora do almoço numa grande academia de Brasília, confessa que sentirá falta de, pelo menos, duas coisas do Brasil: as longas caminhadas que gosta de fazer e as idas à praia Imbassaí, na Bahia, onde está construindo uma casa. Certa vez, em visita à Chapada Diamantina, também na Bahia, ele caminhou por 60 quilômetros.

¿ Vou fazer trilha nas Montanhas Rochosas ¿ brinca o diplomata, nascido no Rio.

Ele também é conhecido como um exímio pianista, mas que não gosta de falar do assunto, devido a sua modéstia. Fala vários idiomas e foi alfabetizado em inglês. Morou dez anos em São Francisco, na Califórnia.

¿ Uma característica marcante é que ele gosta de andar muito rápido. É difícil acompanhá-lo ¿ lembra o porta-voz do Itamaraty, Ricardo Neiva Tavares.

¿ Mesmo nos momentos mais difíceis, nas negociações mais complicadas, ele nunca perde o bom humor ¿ acrescenta o diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Simões que, assim como Tavares, começou a carreira junto com Patriota, de quem é amigo pessoal.

Outro tema de interesse comum entre Brasil e Estados Unidos é a produção de combustíveis renováveis.

¿ Raramente, o presidente Bush deixa de falar de biocombustíveis e do Brasil em conversas com outros chefes de Estado ¿ diz, animado, o novo embaixador.