Título: Pensamos na saúde da mulher
Autor: Niemeyer, Adriana
Fonte: O Globo, 04/02/2007, O Mundo, p. 43

Antonio Pinheiro Torres é coordenador do movimento Juntos Pela Vida, um dos grupos que se opõem à legalização do aborto em Portugal. Em entrevista ao GLOBO, ele critica a convocação do plebiscito e atribui o aumento de movimentos contrários à legalização da interrupção da gravidez a um ¿aumento da conscientização¿ sobre o assunto no país.

Na sua opinião, por que os portugueses devem votar não no referendo?

ANTONIO PINHEIRO TORRES: A razão fundamental, entre várias outras, é constatar que existe uma vida que deve ser preservada a todo custo e nunca, por nenhuma razão, pode ser colocada em perigo. Pensamos também na saúde física e mental da mulher, porque a prática do aborto é perigosa tanto para o corpo como para a mente. E isso deve ser dito claramente.

Seu movimento rejeita o aborto em qualquer caso?

TORRES: Os movimentos cívicos do ¿não¿ têm opiniões diversas. Nós, por exemplo, pensamos que a lei deve se manter como está. Aborto só em casos extremamente necessários. Nós somos a favor da descriminalização, mas não pela legalização do aborto antes das dez semanas, porque já existe uma vida. Já bate um coração.

Na sua opinião, por que os movimentos do ¿não¿ se triplicaram desde o último referendo, em 1998?

TORRES: Acredito que se trata de um crescimento da conscientização de grande parte da população com a cultura da vida. Este é um referendo inútil. Em 1998 ficou clara a vontade dos portugueses. O que necessitamos é de esclarecimento, educação e planejamento familiar. De uma ajuda concreta para as mulheres. Principalmente para aquelas que se sentem abandonadas ou inseguras. (A.N.)