Título: Hindus em defesa da suástica
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 04/02/2007, O Mundo, p. 44

Alemães querem proibir símbolo

Vivian Oswald

BRUXELAS. Símbolo das páginas mais sombrias da história do século XX, a suástica será para sempre identificada com Adolf Hitler e seu partido nazista na Alemanha. O que poucos sabem é que, muito antes de ser associada ao racismo e à guerra, a cruz gamada era usada para disseminar a paz. É isso que hindus da Europa tentarão mostrar nos próximos meses a autoridades européias. A idéia é impedir que a suástica seja proibida nos países da União Européia (UE), como querem os alemães.

De olho no avanço dos partidos de extrema-direita nos 27 países-membros da UE, a ministra da Justiça alemã, Brigitte Zypries, já disse que pretende aproveitar o fato de o seu país estar à frente da presidência temporária da UE para promover uma legislação comum de combate ao racismo e à xenofobia.

As novas regras tornariam crime a negação do Holocausto e o uso de símbolos nazistas, entre eles a suástica, que já foi proibida na Alemanha. O problema é que a boa intenção alemã esbarra em 2,5 milhões hindus espalhados pela Europa que usam como um de seus símbolos mais sagrados a cruz da qual o nacional-socialismo alemão se apropriou.

¿ É um importante símbolo de paz, fortuna e bem-estar. Os hindus a utilizam no dia-a-dia em festivais, em festas de casamento, nos templos ¿ disse ao GLOBO o porta-voz do Fórum Hindu Britânico (HFB, na sigla em inglês), Sanjay Miskry.

Segundo ele, nos próximos dias terá início uma grande campanha em prol da suástica por parte dos hindus da Bélgica, França, Holanda, Itália e Inglaterra. Os grupos devem se reunir com autoridades destes países e das instituições européias sediadas em Bruxelas.

¿ É quase como dizer que, pelo fato de a Ku Klux Klan atear fogo em cruzes para aterrorizar os negros, a cruz seria proibida ¿ disse recentemente o secretário-geral do HFB, Ramesh Kallidai.

Na Comissão Européia, os argumentos já parecem surtir efeito. De acordo com assessoria de imprensa, não se deve banir o símbolo em si, mas sim impedir que grupos o utilizem para promover o ódio, o racismo e a xenofobia.