Título: Direção do PT minimiza crítica de Tarso
Autor: Freie, Flávia
Fonte: O Globo, 05/02/2007, O País, p. 3

O mal-estar provocado pelas críticas que o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, faz à direção do PT no documento ¿Mensagem ao Partido¿, no qual ressuscita a crise ética entre petistas, foi minimizado ontem, durante encontro de integrantes do Campo Majoritário. A direção partidária pôs panos quentes no debate.

O comando do PT pretende conversar com Tarso antes do encontro do Diretório Nacional, no próximo fim de semana, em Salvador, para evitar que o tema ganhe força.

¿ Isso aí (o racha provocado na direção do partido) é factóide da imprensa, que gosta de um Fla-Flu. O documento não é do Tarso. O documento tem iminentes militantes além dele, mas eu vou ter uma interlocução com ele sobre isso ¿ disse o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

O objetivo da conversa é evitar que a crise volte a respingar no governo Lula.

¿ Pode haver divergências, pessoas que têm tal ou qual opinião, mas não queremos transformar isso num campeonato ¿ disse Marco Aurélio, depois de três dias de seminário cuja estrela foi o ex-ministro José Dirceu, um dos principais desafetos de Tarso dentro do partido.

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, também colocou de lado o racha provocado pelo documento assinado por Tarso.

¿ O documento que eu li não fulaniza nem trata sobre a saída das pessoas.

Mas o governador de Sergipe, Marcelo Déda, disse que o PT deve discutir sim o passado, numa resposta às críticas do Campo Majoritário. Segundo ele, o objetivo das discussões internas não é formar novas tendências.

¿ É justamente o contrário. Queremos suplantar a lógica do crachá. Do jeito que vão as coisas dentro do PT, qualquer dia vamos ter o voto de liderança. Queremos um novo formato que supere a "blocagem" das tendências. Precisamos discutir a questão da profissionalização, da burocratização do PT, a centralidade em São Paulo ¿ disse Déda, que ainda espera o texto final do documento de Tarso para ver se assina ou não.(Flávio Freire)