Título: Lula trabalha para recompor a base aliada e discutir novo Ministério
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 05/02/2007, O País, p. 4

Presidente conversa hoje com Chinaglia, Aldo Rebelo e Renan Calheiros.

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intervém pessoalmente, a partir de hoje, nas negociações para recompor a base aliada, definir sua nova equipe ministerial e cobrar a votação das propostas que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Hoje, Lula vai conversar com o novo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), com o candidato derrotado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e ainda com o presidente reeleito do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O presidente já antecipou semana passada que vai exigir responsabilidade dos partidos aliados, que se dividiram na eleição da Mesa da Câmara, para que seja assegurada a unidade governista em torno dos projetos do programa de crescimento. Simultaneamente, o presidente começa a tratar dos pleitos dos aliados para o Ministério, mas já disse que anunciará as mudanças apenas no fim de fevereiro.

¿ Na segunda-feira (hoje), vou conversar com o Aldo, com o Arlindo, com o Renan, porque precisamos fazer com que a Câmara ajude o governo a cumprir a programação estabelecida no PAC ¿ anunciou o próprio Lula, em entrevista sexta-feira.

Chinaglia confirmou que deverá estar hoje com o presidente. Pela manhã, Lula se reúne com os ministros da coordenação de governo para avaliar a eleição da Câmara e discutir como o governo vai lidar com as cobranças dos aliados, principalmente do PMDB, responsáveis pela vitória de Chinaglia.

PMDB quer aumentar sua fatia para cinco ministérios

O PMDB, que hoje tem três ministérios (Comunicações, Minas e Energia e Saúde), quer ampliar sua fatia para cinco. O partido sinaliza que tem mais pressa que o presidente em definir a sua participação no governo.

¿ Estamos aguardando o convite do ministro Tarso Genro para conversar. Era para aguardar a eleição da Mesa da Câmara. Isso já aconteceu ¿ disse o novo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

O líder peemedebista e o presidente do partido, Michel Temer (SP), já estão administrando a ansiedade da bancada de quase 90 deputados. Os deputados do PMDB querem ter cota própria no Ministério de Lula, além dos cargos já ocupados pelo grupo dos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP): pelo menos dois ministérios e mais cargos em estatais e agências reguladoras.

Mas há ministros que também estão ansiosos para decidir sua situação. Hoje, o ministro Márcio Thomaz Bastos tem mais um encontro com o presidente Lula para tentar definir sua saída da Justiça. O substituto de Bastos será o ministro Tarso Genro, segundo integrantes do Palácio do Planalto.

Tarso diz que partidos da base estão unidos

A interlocutores, Lula tem demonstrado preocupação com a divisão dentro da base e com as consequências para a votação das propostas do PAC. O ministro Tarso Genro também pretende retomar a conversar com os partidos. A maior preocupação é com o PSB e o PCdoB, derrotados junto com Aldo na Câmara. Tarso minimiza, dizendo que os partidos da base já mostraram que estão unidos.

¿ Não há rachadura que não possa ser superada rapidamente. O presidente vai conversar com os partidos, e o que vai ocorrer é um fortalecimento (da coalizão). O deputado Aldo Rebelo é uma pessoa responsável. O PSB também ¿ disse Tarso.