Título: Iraque: mil mortos em uma semana
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Fonte: O Globo, 05/02/2007, O Mundo, p. 19

EUA reagem à violência, afirmando que Bagdá terá ofensiva nunca vista.

BAGDÁ. Pelo menos mil pessoas morreram ¿ entre civis, militantes e forças de segurança ¿ somente na última semana em ataques e confrontos no Iraque. Os dados foram apresentados ontem num levantamento conjunto dos ministérios do Interior, da Saúde e da Defesa e divulgados um dia após um ataque ter matado 135 pessoas e ferido 343 em um mercado no bairro de al-Sadriyah, área xiita de Bagdá, caracterizando-se como o ataque mais letal provocado por apenas uma bomba desde a invasão americana de 2003. O ataque foi detonado por um suicida que dirigia um caminhão-bomba contendo uma tonelada de explosivos.

Ontem, oficiais americanos anunciaram que, em breve, terá início uma campanha para estabilizar Bagdá.

¿ A ofensiva contra os militantes será numa escala nunca antes vista nestes quatro anos de guerra ¿ disse o coronel americano Doug Heckman, lembrando que os EUA anunciaram o envio de um reforço de 21,5 mil homens, o que ajudará a pôr os planos em prática.

EUA admitem que militantes abateram helicópteros

Apesar do elevado número de mortes e da reação americana, a onda de atentados continuou no domingo no Iraque, com registro de pelo menos 22 mortes; entre as vítimas, quatro policiais iraquianos. A âncora da rede de televisão Al-Iraqiya Suhad Ibrahim foi ferida por soldados quando seu carro seguia atrás de um comboio militar dos EUA, perto do prédio do Ministério das Relações Exteriores.

Num outro desdobramento da guerra, o comando militar americano admitiu que quatro de seus helicópteros foram abatidos nas últimas semanas, matando 21 soldados.

¿ Ao que parece, foram abatidos por fogo terrestre iraquiano ¿ disse o general William Caldwell.

O reconhecimento da queda dos helicópteros gerou preocupação entre os militares americanos, já que poderia demonstrar que os insurgentes estão sofisticando suas investidas. O último foi abatido na sexta-feira, quando sobrevoava Taji. Um grupo ligado à al-Qaeda assumiu a autoria do feito, alegando que ¿deus havia lhes dado novas maneiras de confrontar aeronaves¿.

Ao comentar a excessiva violência que acomete o país, o porta-voz do governo iraquiano Ali al-Dabbagh afirmou que metade dos atentados de insurgentes em Bagdá é executado por militantes vindos da Síria. Representantes do governo sírio refutaram a acusação, acrescentando que controlam a saída de militantes sunitas, e que cabe às autoridades iraquianas evitar atentados. Para eles, as acusações pretendem enfraquecer os vínculos entre os dois países, que reataram relações diplomáticas no ano passado depois de 25 anos.