Título: Briga por liderança embola reforma
Autor: Jungblut, Cristiane e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 06/02/2007, O País, p. 4

Interesse por cargo na Câmara leva Lula a incluí-lo na negociação do Ministério

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Antes mesmo de iniciar a reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um problema mais urgente para resolver: a liderança do governo na Câmara, vaga com a vitória do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Casa. A disputa pelo cargo já conta com cinco partidos da base aliada. Por causa disso, Lula decidiu incluir a negociação do cobiçado posto como parte da reforma.

O novo líder do governo terá como principal tarefa negociar a aprovar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Câmara, além de encaminhar a reforma política.

Na briga pelo cargo estão o ex-líder do PTB José Múcio Monteiro (PE), o líder em exercício do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS); o líder do PR, deputado Luciano Castro (RR); o ex-ministro Eunício Oliveira (PMDB-CE) e o atual líder do PT, Henrique Fontana (RS).

Relação ruim com Roberto Jefferson derrubou Múcio

Inicialmente, Chinaglia defendia o nome de Múcio como a melhor opção, pelo perfil conciliador e o bom trânsito no Congresso. Mas ele perdeu força com a saída da liderança depois de divergências com o deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do PTB. O próprio Lula teria colocado a relação de Múcio com Jefferson como o único problema para indicá-lo.

Com isso, o PR passou a pleitear a indicação de Luciano Castro, que conta com o apoio do senador Alfredo Nascimento (PR-AM), cotado para voltar ao Ministério dos Transportes. A vantagem é que o PR aceitaria a liderança como compensação na reforma ministerial, o que evitaria ao presidente dar dois ministérios ao partido.

O PMDB, fundamental na eleição de Chinaglia, cobra o acerto com o petista: se ele fosse eleito, o cargo seria do partido. O mesmo acordo é cobrado pelo PTB e o PR. Inicialmente, Lula pensou em compensar o grupo derrotado na Câmara. Nesse caso, o nome mais forte é o de Beto Albuquerque, aliado do ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O PT, no entanto, quer compensar Henrique Fontana, que está deixando a liderança do partido.

COLABORARAM Cristiane Jungblut e Isabel Brag