Título: Rosinha de R$33 milhões a ONG investigada
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 06/02/2007, O País, p. 9

Maior parte da verba foi repassada nos últimos dias de governo, beneficiando entidade de aliado de Garotinho

Dimmi Amora

O governo do estado do Rio pagou R$33 milhões ¿ dos quais R$20 milhões nos últimos 21 dias de dezembro passado ¿ por um projeto educacional que não foi concluído. O valor corresponde a 97% do contrato da Secretaria estadual de Educação com a Associação Educacional São Paulo (Aesp), que pertence ao ex-deputado federal Paulo Lima (PMDB-SP). O contrato foi para dar quatro apostilas de pré-vestibular aos 140 mil alunos do 3 º ano do ensino médio, avaliá-los e treinar 15 mil professores.

O contrato foi investigado pelo Ministério Publico estadual, a pedido do ex-deputado estadual Carlos Minc. O procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, fez um relatório informando que a ex-governadora Rosinha Garotinho não era responsável pelos fatos, pedindo o arquivamento do caso em relação a ela. Mas, em outubro, o Conselho Superior do MP rejeitou o pedido. Mesmo com o caso em investigação, o governo fez o pagamento.

No relatório que rejeita o arquivamento, a procuradora Ligia Portes Santos diz que o processo ¿teve andamento espetacularmente célere que espanta por não ser, lamentavelmente, o usual na administração pública¿. Para ela, Rosinha pode ser responsabilizada porque liberou recursos para o projeto em 8 de março de 2006, antes de contrato ser assinado, o que só ocorreu em 31 de março.

Os livros são adaptações das apostilas do ¿Sistema Holos de Ensino¿, que pertencia a Paulo Lima. Ele apoiou a candidatura de Anthony Garotinho nas prévias do PMDB. Professores, como Paulina Correa, que dá aulas no Colégio Estadual Joaquim Távora, em Icaraí, relatam que os livros chegaram às escolas no final do ano letivo.

¿ É o dinheiro da educação indo pelo ralo. Um desperdício criminoso ¿ disse Beatriz Lugão, coordenadora do Sindicato dos Profissionais da Educação.

Feliciano Ribeiro, responsável pela execução do contrato pela Aesp, diz que a ONG cumpriu todo o contrato. Mas reconhece que nem tudo chegou aos estudantes. Segundo ele, a burocracia do governo atrasou a entrega. O GLOBO procurou o ex-secretário estadual de Comunicação Ricardo Bruno, que não retornou as ligações.