Título: Uso do álcool pode ampliar desmatamento
Autor: Oliveira, Dimmi
Fonte: O Globo, 06/02/2007, O Mundo, p. 28

Aumento da produção ameaça sacrificar florestas

Roberta Jansen

A busca por energias mais limpas e a proposta do presidente George W. Bush de ampliar o uso de álcool combustível nos Estados Unidos como forma indireta de combater o aquecimento do planeta devem favorecer economicamente o Brasil, sobretudo no que diz respeito às exportações de etanol. Mas, com o aumento da produção, o combustível limpo pode se revelar nem tão ecologicamente correto assim.

Álcool e gasolina lançam na atmosfera basicamente a mesma quantidade de CO2 (o principal gás do efeito estufa) em sua queima.

¿ A diferença é que, quando queimamos gasolina, estamos lançando dióxido de carbono que estava estocado no subsolo ¿ explica Roberto Schaeffer, do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ. ¿ No caso do álcool, estamos devolvendo um volume de CO2 que nós mesmos tiramos da atmosfera durante o crescimento da planta, ou seja, temos um ciclo fechado.

Na verdade, nem tão fechado, como frisa o próprio especialista. No caso do Brasil, ainda há uso (embora pequeno em relação ao que ocorre nos EUA) de uma certa quantidade de combustível fóssil ao longo do processo de produção do álcool, com o uso de tratores e outros equipamentos. Mas o pior seria que, em busca de aumentar sua produção, o país partisse para o desmatamento de áreas de florestas para o plantio da cana.

Nesse caso, o Brasil cairia num ciclo vicioso bizarro, já que é o desmatamento que o coloca entre os cinco maiores emissores do mundo.

¿ Isso seria um absurdo completo ¿ aponta Schaeffer.