Título: Médias do 3º ano são as menores desde 1995
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 07/02/2007, O País, p. 9

Secretária do DF defende mudanças nos currículos

BRASÍLIA. As notas médias em português e matemática dos estudantes do 3º ano do ensino médio, no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2005, são as mais baixas desde 1995, quando o exame foi configurado para permitir a comparação entre edições diferentes. É o que mostra tabela repassada ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aos secretários estaduais, reunidos no Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

A média de 257,6 pontos na prova de português, numa escala de 0 a 500, é ainda mais baixa do que os 262,3 pontos da edição de 2001. O mesmo ocorreu em matemática: a média de 271,3 ficou abaixo dos 276,7 registrados naquele mesmo ano.

Cresce a evasão no ensino médio

A secretária de Educação do Distrito Federal, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que o ensino médio requer mudanças profundas. Ela defende maior articulação com o ensino profissionalizante e a formação de professores de ciências para suprir a falta de docentes, especialmente de química, física e biologia. O número de jovens que abandonam o ensino médio e o fundamental vem crescendo:

¿ Não é um problema só do Brasil, é mundial. Alemanha, Chile, Estados Unidos, França e Inglaterra estão enfrentando o mesmo desafio.

O Saeb é aplicado a uma amostra de estudantes, representando o universo total das redes pública e privada. Em 2005, foram 194.822 alunos de 5.940 escolas. Na rede particular, as notas também caíram no ensino médio: de 314,18, em 2003, para 306,88, em português (escolas urbanas); e de 340,54, também em 2003, para 333,31, em matemática.

Escolas federais tiveram o melhor desempenho no Saeb

Na 8ª série, a queda de 0,1 ponto em português indica situação de estagnação. A média de 231,9 é classificada como de nível intermediário e indica que os estudantes estão aquém do esperado em termos de compreensão de texto. Em matemática, porém, o desempenho ficou em 239,5 pontos, classificado como crítico, e significa ¿muito aquém¿ do esperado.

As escolas federais tiveram o melhor desempenho no Saeb 2005, superando inclusive os alunos de escolas particulares. Na 8ª série, tiraram média de 325,77 pontos, em matemática, e 298,09 em português. Em matemática, houve queda de 8,54 pontos, em relação a 2003; em português, oscilação positiva de 0,9. No ensino médio, as notas das escolas federais não só lideraram, como subiram em relação a 2003.

Aplicado sobre uma amostra de estudantes, o Saeb tem margens de erro semelhantes às das pesquisas eleitorais. Nesse ponto, é diferente da Prova Brasil, exame que avaliou todas as escolas públicas urbanas de 4ª e 8ª série do país, também em 2005. Mas, diferentemente da Prova Brasil, o Saeb inclui as escolas particulares.

A queda de rendimento no Saeb, nos últimos anos, era atribuída ao ingresso de maior número de estudantes no sistema de ensino, levando para a escola crianças e jovens pobres, filhos de analfabetos ou pais de baixíssima escolaridade. A explosão de matrículas, porém, é coisa do passado. O Censo Escolar registrou redução do número de alunos de ensino fundamental e médio.

Governo admite que não investirá o suficiente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito afirmando que o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) era a saída para os problemas do ensino público. Com o novo fundo, que começa a funcionar no dia 1º de março, o governo federal vai repassar inicialmente R$2 bilhões para os estados mais pobres e, a partir de 2010, mais de R$5 bilhões. Ainda assim, o próprio governo admite que o dinheiro não será suficiente para mudar a cara da escola pública.

¿ O Fundeb é um mecanismo que amplia os recursos para a educação básica. Mas não resolve os problemas que ocorrem dentro das escolas ¿ diz a secretária do DF, Maria Helena Guimarães de Castro, defendendo mudanças nos currículos e inovações capazes de atrair e manter os jovens na escola. (Demétrio Weber)